
Muitas adolescentes estão ficando grávidas. O estado aprovou uma política pública para dar ajuda econômica a estas meninas. Resultado: mais meninas passaram a ficar grávidas para poder receber o subsídio. Onde? Na Inglaterra.
A “gratuidade” das universidades está gerando uma geração de jovens que não se forma, não trabalha e fica eternamente estudante. No Brasil? Não, na Dinamarca.
35% das pessoas abririam mão do direito de voto por um aumento salarial de 10%; 9% cederiam o direito de voto dos próprios filhos e 12% terminariam com o próprio parceiro (pesquisa da LendEDU). Quem? Americanos.
A cadeia de supermercado Intermarché fez um desconto de 70% na Nutella e gerou furdunço no país inteiro. Onde? Na França.
Na virada de ano 20172018, proibiram beber álcool em todo o território da Península de Coromandel. Mas durante a baixa maré surgiu uma nova ilhota e alguns moradores montaram uma mesa para poder beber alí burlando a regra. Na Nova Zelândia.
Pacientes de hospitais estatais viajam até os hospitais privados de outro país para se curar. Onde? Da Inglaterra para a Alemanha e do Canadá para os EUA!
Alguns turistas certinhos alemães, austríacos, holandeses e até os pontuais suíços quando passam férias na Itália e recebem multas, não pagam, visto que com a placa estrangeira a multa dificilmente chega até em casa.
Não é uma questão de cultura, mas de incentivos.
A Coreia era um único país, com o mesmo povo, a mesma cultura, que foi dividido por uma guerra e hoje apresenta renda per capita e IDH drasticamente opostos. O mesmo regime da Coreia do Norte aplicado em diferentes continentes e culturas (URSS, Cambodja, Hungria, Laos, Polônia, Vietnã, Cuba, Tchecoslováquia, Coreia, Etiópia, Romênia, Moçambique, Alemanha, etc.) deu sempre os mesmos resultados: pobreza, conflito e degradação moral.
A Alemanha também foi dividida em dois sistemas diferentes e também deu resultados diferentes (não obstante se trate de um mesmo povo, com a mesma cultura). Não é cultura, são instituições.
É o que mostra a obra Porque as nações fracassam, de Daren Acemoglu e James Robinson. Ingleses e franceses criaram tanto instituições “positivas” (Hong Kong, Nova Zelândia, Canadá, EUA, etc), quanto “negativas” (Haiti, Nigéria, África do Sul, Jamaica, Congo etc), assim como Portugueses e espanhois criaram tanto instituições “positivas” (Macau, Cuba, Uruguai, etc.), quanto negativas (Angola, Bolívia, Equador, Colômbia, etc).
A ideia segundo a qual as colônias inglesas e francesas são ricas e as ibéricas são pobres pela herança cultural está errada. Macau (colônia portuguesa) e já foi muito rica (como Singapura e Hong Kong). Cuba (colônia espanhola) estava prosperando, antes do regime atual. Nigéria, Índia, várias ilhas caribenhas, grande parte do Oriente Médio e da África foram colônias inglesas e francesas. A Bélgica foi responsável por um dos piores massacres da história no Congo (ainda hoje uma das áreas mais pobres da África). A Holanda (hoje multiculturalista) segregou os negros na África do Sul.
Instituições diferentes geram regras diferentes, que geram incentivos diferentes, que geram comportamentos diferentes, que viram hábitos, que (no longo prazo) viram cultura. A Cultura é consequência, é o que todo mundo vê, por isso é fácil de notar! Por isso, muitos leigos acreditam. Mas não tem como ser causa dela mesma!
Segundo o refrão popular é “uma questão de cultura”, e a diferença entre Brasil e países ricos “depende da cultura”. “O que funciona lá, não pode funcionar aqui, a cultura é diferente!”. Todos repetem isso, as pessoas ouviram isso desde criança e concordam cegamente. Na verdade, concordam porque é a única coisa que ouviram. A tese culturalista é muito popular entre leigos mas não é aceita na literatura científica.
A pergunta que fica então é: e de onde nascem as instituições? Da Guerra e da Geografia (e não da cultura). Mas isso pode ser objeto de outro artigo.
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