Londres – No último “Vídeo do Papa” antes de sua morte, postado no dia 1º de abril, o Papa Francisco faz um alerta direto: “Se gastamos mais tempo olhando para a tela e não para as pessoas, algo não está funcionando.”
O programa é uma iniciativa da Rede Mundial de Oração do Papa, divulgando as intenções mensais de oração do pontífice. É traduzido para mais de 20 idiomas e acumula mais de 244 milhões de visualizações desde que foi lançado, em 2016.
No que seria a sua última participação no “Vídeo do Papa”, Francisco pediu orações para que “o uso das novas tecnologias não substitua as relações humanas, respeite a dignidade das pessoas e ajude a enfrentar as crises do nosso tempo”.
“A tecnologia deve servir para aproximar, não para dividir”, afirmou ele.
Papa Francisco voltou a tema recorrente em seus discursos
O projeto Vídeo do Papa é parte de uma presença bem articulada da Igreja Católica nas redes sociais e plataformas digitais, marca da trajetória de Francisco como líder.
O perfil @Franciscus no Instagram tem 9 milhões de seguidores. As contas em vários idiomas no X / Twitter são seguidas por mais de 50 milhões de pessoas.
Embora claramente entusiasta das redes sociais como forma de espalhar suas mensagens, o Papa Francisco sempre manteve um olhar crítico sobre os riscos e mau uso.
Ele já alertou para os perigos da desinformação, do discurso de ódio online e da inteligência artificial desregulada.
O último Vídeo do Papa feito por Francisco reforçou os riscos e desafios da era digital.
Ele destacou que, embora a tecnologia seja fruto da inteligência dada por Deus, seu mau uso pode gerar isolamento, ciberbullying e ampliar as desigualdades sociais.
Francisco advertiu que a tecnologia não deve beneficiar apenas uns poucos, mas sim ser um instrumento de união e de apoio aos necessitados, sem exclusão.
Para ele, é urgente que se use as inovações digitais para “cuidar de nossa casa comum” e fomentar uma cultura de encontro e solidariedade.
Veja o texto completo do último vídeo do Papa Francisco
“Como eu queria que olhássemos menos as telas e nos olhássemos mais nos olhos!
Se gastamos mais tempo com o celular que com as pessoas, algo não está funcionando. A tela nos faz esquecer que detrás há pessoas reais que respiram, riem e choram.
É verdade, a tecnologia é fruto da inteligência que Deus nos deu. Porém devemos usá-la bem. Não pode beneficiar apenas a uns poucos enquanto outros ficam excluídos.
O que devemos fazer? Usar a tecnologia para unir, não para dividir. Para ajudar aos pobres. Para melhorar a vida dos enfermos e das pessoas com capacidades diferentes. Usar a tecnologia para cuidar de nossa casa comum. Para nos encontrar como irmãos.
Porque quando nos olhamos nos olhos, descobrimos o que realmente importa: que somos irmãos, irmãs, filhos do mesmo Pai.
Rezemos para que o uso das novas tecnologias não substitua as relações humanas, respeite a dignidade das pessoas e ajude a enfrentar as crises do nosso tempo.”
Sob o papado de Francisco, o Vaticano publicou um guia para os cristãos agirem como bons samaritanos nas redes sociais, utilizando trechos de parábolas para ilustrar comportamentos éticos e responsáveis.
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