Mas, como o pai é corintiano, o garoto manteve em segredo aquela explosão de sensações. Achava que o certo seria seguir o caminho do pai e não ousou dizer em voz alta que tinha se encantado pelo tricolor carioca. “Eu sabia que a chama do Fluminense estava em mim, mas não falava para não chatear meu pai”.
Aos 15 anos, Valter teve coragem de dizer o que sentia pelo time das Laranjeiras. Hoje, ele e o pai veem alguns juntos jogos e se zoam mutuamente. Tudo na mais sensata paz.
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Só que a paixão de Valter fez dele um solitário pelas bandas do sul de Minas. Não há outros tricolores como ele, Valter mora longe do Maracanã e se contenta vendo seu tricolor pela TV. O maior sonho, ele me contou, é o de conhecer o estádio em que Washington inaugurou sua paixão. E, claro, testemunhar o Fluminense campeão desse torneio que o fisgou e que, em 2008, foi perdido na final.
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Valter queria ir ao Maraca assistir ao seu time contra o Boca, mas, como muitos de nós, não tem como pagar pelo ingresso.
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Técnico em internet e computadores, entra em fóruns de debate e percebe a revolta da torcida diante da elitização do futebol. Quem pode pagar para ir ver uma final? Cinco mil reais no paralelo? Poucas pessoas podem hoje em dia.
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E, para piorar, esse negócio de jogo único faz o estádio ser frequentado por gente que não necessariamente torce para um dos finalistas mas que, tendo poder aquisitivo e podendo viajar, comprou o ingresso com antecedência. Virou um show como outro qualquer. Não demorará e teremos uma final em Las Vegas. É sinal de status possuir ingresso para a final da Libertadores.