Sou dos tempos, assim como muitos que aqui frequentam, que os jogadores tinham identificação com a camisa dos clubes que escolheram para suas carreiras. Pelé era a cara do Santos, assim como Ademir da Guia no Palmeiras, Rivelino com o Corinthians e Pedro Rocha idolatrado no São Paulo. No Rio de Janeiro Gerson fez história no Botafogo, Castilho no Fluminense, Evaristo de Macedo marcou no Flamengo e Alcir Portela no Vasco. Eventualmente, entre esses um ou outro mudava de time, como Gerson e Rivelino. O primeiro vestiu ainda as camisas do Fluminense, Flamengo e São Paulo; já o outro atuou também no tricolor carioca.
Fato é que, naquela ocasião, aqui em Minas Gerais o futebol era restrito aos clubes de Belo Horizonte – onde predominavam Atlético e América – e os demais figurantes. O campeonato mineiro, diferente do carioca e paulista – que a mídia do eixo já atuava com menor intensidade que nos tempos atuais – eram acompanhados pelo Brasil todo. Até que, a partir de 1971, com o primeiro campeonato brasileiro de futebol – vencido pelo nosso Galo – iniciou um processo de nacionalização das competições.
A intenção, aliada a isenção, durou pouco tempo pois intrusos como o Galo e Internacional se atrevem a vencer a competição. Até 1976, esse título do Galo, dois do Palmeiras, um do Vasco (no apito do Armando Marques) e dois do Internacional. Em 1977, com o Galo invicto e a manobra suja e desonesta que todos conhecem (tiraram Reinaldo propositalmente da final), o título foi para o São Paulo. A partir daí, o descaramento das ações nefastas da organização – com auxílio da arbitragem e stjd – foram manchando e decretando a falência que o futebol brasileiro desfruta nas últimas gestões da cbf.
Foi assim, que no nosso caso (aqui defendo é o Galo, mas existem outras vítimas), perdemos os títulos de 1980, 1985, 1999, 2001, 2012, 2015, além da Copa do Brasil de 2007 e Libertadores de 1981. Em todas essas competições que menciono, sem exceção, com sacanagens escandalosas para prejudicar o nosso time do coração. Ninguém me contou ou li a respeito, acompanhei e estava presente nos jogos dessas maracutaias. Ainda assim, consegui resistir até os dias de hoje.
Concomitante a essa situação, sempre ao lado do Galo, em muitas ocasiões com times deploráveis tecnicamente. Porém, como nos meus primeiros tempos que menciono os clubes do Rio e Sampa, no início, aqui tínhamos Dário, Oldair (que veio do Vasco), Vantuir, Vanderley, Renato (foi do Flamengo para Uberlândia e de lá para cá). Mais um pouco à frente, numa equipe que tinha oito a nove titulares criados na base, foi a vez da geração Reinaldo, Cerezo, Marcelo, Paulo Isidoro, depois ainda Eder.
Num recorte recente, Ronaldinho e agora Hulk. Esses e outros que atuaram a ainda atuam, comprometidos com as cores do nosso Galo. Honraram e até hoje honram a camisa Atleticana. Mas, como o futebol mudou muito, tem jogador cujo compromisso com o clube se resume ao dia do pagamento. Se não bastasse, a sacanagem da cbf – já nestes tempos modernos – não melhora e ao que sinto agrava em favor do eixo. O desabafo do Hulk, sem entrar no mérito e mesmo na sua explicação posterior, faz sentido. Não temos sangue de barata. Está claro, muito explicito, o interesse – por razões comerciais e anunciantes – que os clubes do eixo têm tratamento diferenciado e são favorecidos.
O Flamídia adiou jogo (Bragantino) por sua vontade sem qualquer outra justificativa. Tem juízes, contumazes em prejudicar ao Galo, sempre prestigiados. Daronco, Sampaio, Claus, Lima Henrique, até esse sujeito de sábado lá em Uberlândia, que saem ilesos quando prejudicam ao Galo. Mas, quando Flamídia e Curintia reclamam, são punidos. Daronco ameaçou Hulk e foi punido com cesta básica. Vergonha, tinha de ser banido. Suspeitíssima essa relação na cbf, desde gestão, passando pela arbitragem e stjd. Farinha do mesmo saco.
Sampaio eliminou o Galo frente ao Flamengo na Copa do Brasil, só foi punido quando o mesmo beneficiado reclamou dele. Claus, aquele que não viu penalidade que anteciparia o título de 2021, é tido como o bom do futebol brasileiro. Lima é manjadíssimo em desfavor do Galo e tem mais de dez anos que já deveria ter sido vetado. Esse pirralho de sábado, anotem, logo estará prestigiado. Sopradores de apito do passado, quase todos, até aqui em Minas Gerais, se tornaram comentaristas de arbitragem.
Pra fechar essa prosa de segunda-feira, depois daquele vexame de sábado, duas considerações. O retrato desse futuro incerto, no caso do Galo, me prendo aos números. Desde a inauguração da nossa casa, são sete jogos, a tendência de crescimento do público foi quebrada depois da derrota em um confronto mineiro. Vejamos! Santos (29.782), Botafogo (31.720), Cuiabá (36.104), Coritiba (38.358), csa/mg (42.058), depois FluminenC (23.003) e Fortaleza (28.898). Se não vencer e convencer o Corinthians na quinta-feira, anote, vamos ter o pior público da Arena do Galo.
A segunda reflexão…estou em fase de reavaliação sobre minha condição de torcedor, afinal tudo está tão diferente. Aquele romantismo e as formações dos times que seguiam por anos, não existe mais e a cada temporada fica mais evidente. Já não sinto mesmo o pertencimento que me conduziu até recentemente. O Galo é da Massa? A cbf se norteia pela equidade? Estar blogueiro para dar vez e voz ao Atleticano é gratificante, sei disso, mas conduzir essa missão – em certos momentos – chega a ser muito desconfortável. São tantos interesses!!!
*imagens: do arquivo do blog