Panamenho dribla criminalidade, racismo e perda da mãe por sonho no Brasil


Quando minhas irmãs me contaram, eu me tranquei no quarto e falei que queria desistir. Liguei para o professor e disse o que tinha acontecido. Eles tentaram me convencer a continuar. Disseram que eu precisava da minha família neste momento e que eles também eram minha família. Minha irmã falou que não iria me deixar desistir, que era meu sonho.

Fiquei uma semana sem treinar. Estava muito abalado. Mãe é tudo. Minhas irmãs pararam de falar comigo, me deixavam falando sozinho em casa. Eu vi elas chorando porque eu estava desistindo do meu sonho e isso mexeu comigo. A situação em casa não estava boa e meu salário poderia ajudar. E aí eu voltei. E eu via minha irmã no meu time, sabe? O mesmo espírito e acolhimento que eu tinha em casa.

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Minha mãe estava nos Estados Unidos quando aconteceu. Ela era manicure e tinha ido trabalhar lá. Só que ela tinha asma e a diferença de clima do Panamá, o calor de 43 graus, para o frio dos Estados Unidos foi brutal. Minha irmã maior, a Yari, resumiu a história. Acho que o clima afetou ela, pelo que eu entendi. Um dia estava bem, outro dia não…

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A chegada ao Brasil

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Depois que eu voltei a jogar, levou mais um ano para que surgisse a oportunidade de vir ao Brasil. Eu completei 18 anos e vim para treinar no Grêmio. Já estava tudo certo, eu já estava aprovado previamente. Fiquei sete meses treinando lá, mas não pude ficar por causa da documentação. Eu não entendo bem, mas era um problema com o visto.

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Foi difícil no começo por dois motivos: o clima frio e o idioma. No Panamá, a língua é o espanhol, que tem suas semelhanças com o português, mas era difícil entender o que o técnico pedia. Dizem que o português é uma das línguas mais difíceis do mundo. Eu ouvi muita música, vi muito filme, tentava conversar bastante para poder entender. Levei cerca de seis meses para pegar.


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