Por que ainda fazem carros com correia dentada banhada a óleo? A polêmica ‘tecnologia’ que prometeu revolução, mas gerou custos e frustração!


Prometendo maior durabilidade e economia de combustível, a correia dentada banhada a óleo foi adotada por grandes montadoras, mas gerou falhas prematuras, altos custos de manutenção e impacto ambiental significativo.

A indústria automobilística está sempre em busca de inovações para melhorar a eficiência e a performance dos veículos. Mas o que acontece quando uma solução tecnológica parece mais problemática do que vantajosa? É o caso das correias dentadas banhadas a óleo, uma ideia que gerou controvérsias desde sua introdução. Veja as origens dessa tecnologia, os problemas que ela trouxe e por que ainda está em produção.

A origem das correias dentadas

As correias dentadas de borracha surgiram nos anos 1960 com o Glas 1004, um modelo da fabricante alemã Hans Glas. Este carro foi o primeiro a adotar uma correia dentada para acionar os eixos de comando, uma alternativa às correntes metálicas. A inovação trouxe vantagens como redução de ruídos, absorção de vibrações e menor peso, o que tornou os motores mais compactos e eficientes.

Rapidamente, a tecnologia se espalhou entre os fabricantes. Embora as correias de borracha precisassem de substituições frequentes, sua praticidade e custo menor compensavam. No entanto, uma regra era clara: borracha e óleo do motor não se misturam. A exposição ao óleo degradava a borracha, causando falhas graves no motor.

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A introdução das correias banhadas a óleo

As montadoras priorizam ganhos financeiros em vez de soluções mais duráveis e confiáveis. A falta de pressão suficiente dos consumidores e órgãos reguladores também permite que essa tecnologia problemática permaneça no mercado.

As montadoras priorizam ganhos financeiros em vez de soluções mais duráveis e confiáveis. A falta de pressão suficiente dos consumidores e órgãos reguladores também permite que essa tecnologia problemática permaneça no mercado.

Em 2007, a Ford lançou um motor com uma correia dentada de borracha banhada em óleo. A justificativa? Maior durabilidade e redução de atrito, o que prometia uma economia de combustível de 1%. Contudo, a ideia desafiava décadas de conhecimento técnico sobre os efeitos nocivos do óleo na borracha.

Logo, marcas como Renault, Volkswagen, e Peugeot adotaram a tecnologia em alguns modelos. No entanto, a promessa de durabilidade não se concretizou, e as correias banhadas a óleo começaram a falhar prematuramente, muitas vezes antes de atingir metade da vida útil projetada.

Economia de combustível de 1%: mito ou realidade?

Embora a redução de atrito possa oferecer ganhos marginais, a economia real é quase insignificante. Para o consumidor médio, a economia anual chega a apenas €15, um valor irrisório quando comparado aos altos custos de manutenção e substituição.

Os benefícios teóricos não justificam os problemas práticos. A deterioração da correia, os danos ao motor e os custos de reparação superam qualquer vantagem prometida. A reciclagem de peças danificadas aumenta o impacto ambiental, contradizendo os objetivos de sustentabilidade.

Falhas prematuras e custos elevados

As correias banhadas a óleo são propensas a falhas devido à exposição constante ao calor, ao óleo e a contaminantes. Substituições prematuras custam de €500 a mais de €1.000, tornando a manutenção um fardo para os consumidores.

Cada falha gera resíduos, peças descartadas e, em casos extremos, veículos inteiros precisam ser substituídos. Isso aumenta as emissões de carbono e o desperdício de recursos, contrariando os princípios de inovação sustentável.

Por que os fabricantes continuam insistindo?

A resposta pode estar nos lucros. A manutenção frequente e o alto custo das peças geram receita contínua para os fabricantes. A mudança para alternativas mais confiáveis só ocorre após pressão pública e prejuízos de reputação.

A conscientização do consumidor é crucial. Ao exigir transparência e qualidade, os clientes podem pressionar os fabricantes a abandonar tecnologias ineficientes e prejudiciais.

A saga das correias dentadas banhadas a óleo é um exemplo de como nem toda inovação tecnológica é, de fato, um avanço. Embora ofereçam pequenas vantagens, os custos financeiros e ambientais são significativos. Cabe aos consumidores e à indústria aprender com esses erros e priorizar soluções que realmente beneficiem todos os envolvidos.

Em 2025, diversos modelos disponíveis no Brasil utilizam a tecnologia de correia dentada banhada a óleo. Essa inovação, adotada por várias montadoras, visa melhorar a eficiência e reduzir o atrito nos motores. Abaixo, listamos alguns dos principais veículos que incorporam essa tecnologia:

Chevrolet Onix (a partir de 2020)
O popular hatch compacto da Chevrolet adotou a correia dentada banhada a óleo em suas versões mais recentes, buscando maior eficiência e desempenho.

Chevrolet Tracker (a partir de 2020)
O SUV compacto da marca também utiliza essa tecnologia em seus motores, alinhando-se às tendências de modernização mecânica.

Chevrolet Montana (a partir de 2023)
A picape compacta da Chevrolet incorporou a correia dentada banhada a óleo em sua linha mais recente, visando aprimorar a performance.

Ford Ka 1.0 (a partir de 2015)
O compacto da Ford, em suas versões com motor 1.0, adotou essa tecnologia para melhorar a eficiência energética.

Ford EcoSport 1.5
O SUV compacto da Ford também utiliza a correia dentada banhada a óleo em determinadas versões, buscando otimizar o desempenho do motor.

Citroën C3 1.2
O hatch francês incorpora essa tecnologia em seu motor 1.2, visando oferecer uma condução mais suave e eficiente.

Peugeot 208 1.2
O modelo da Peugeot segue a tendência, utilizando a correia dentada banhada a óleo para aprimorar a performance e a economia de combustível.

É importante notar que, embora essa tecnologia ofereça vantagens como redução de atrito e potencial aumento de durabilidade, alguns proprietários relataram desafios relacionados à manutenção e à adaptação às condições brasileiras. Portanto, recomenda-se atenção especial às orientações dos fabricantes quanto à manutenção preventiva e ao uso de lubrificantes adequados.


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