
— Foto: Crédito: Divulgação
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Que a tecnologia é um dos fatores que têm afastado as crianças e jovens da natureza, já sabemos. No entanto, será que ela pode ser usada como aliada ou uma ferramenta para facilitar os acessos aos espaços verdes e ecológicos?
Situada em São Carlos e fundada por quatro educadoras e pesquisadoras, a Fubá- Educação Ambiental decidiu mergulhar neste desafio e responder à questão.
Em 2018, a empresa começou a trabalhar em dois aplicativos para auxiliar nas visitas ao Parque Ecológico de São Carlos e ao Cerrado da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), guiadas pelo projeto de extensão da universidade “Trilha da natureza”.
“A ideia inicial era que a tecnologia fosse uma ferramenta para incentivar ass pessoas a aprenderem um pouco mais sobre os animais do parque. E no caso da Trilha da Natureza, a diversidade do Cerrado”, disse Mayla Valenti, uma das co-fundadoras da Fubá.

Equipe multidisciplinar ajudou no desenvolvimento do Bora — Foto: Crédito: Divulgação
Equipe multidisciplinar ajudou no desenvolvimento do Bora — Foto: Crédito: Divulgação
“Os projetos dos aplicativos foram baseados em pesquisa, inclusive uma pesquisa de mestrado e outra financiada pela Fapesp”, contou Mayla.
A primeira fase da pesquisa para o aplicativo “Bora” (que tem duas versões, uma para o parque e outra para as trilhas) começou com conversas com o público do parque, equipe de funcionários, para entender as necessidades e demandas, tudo para elaborar um protótipo com melhor usabilidade.
Na segunda fase, a Fubá trabalhou com uma equipe multidisciplinar de outras áreas.
“Além de pessoas da área da educação ambiental, na área de acessibilidade, educação especial inclusiva, design, na área de tecnologia, desenvolvimento de software”, explicou Mayla.
O aplicativo foi lançado na pandemia, em 2020, e foi adaptado (durante esse período) para que fosse uma maneira de ‘matar a saudade’ dos espaços, com uma trilha virtual.
Destaque para acessibilidade

Aplicativo desenvolvido pela Fubá — Foto: Crédito: Divulgação
Aplicativo desenvolvido pela Fubá — Foto: Crédito: Divulgação
Desde o início, a Fubá pensou na acessibilidade de pessoas com deficiência, desde a posição dos botões, as cores, e recursos necessários para deficiências específicas.
“Incluímos a audiodescrição e os textos alternativos para pessoas cegas. O leitor de tela lê tudo que está ali e quando tem uma imagem a descrição passa para essa imagem”, comentou Mayla.
Todas as ferramentas foram fruto de pesquisa com pessoas cegas levadas pela equipe para o parque durante a fase de estudo, baseando a usabilidade nas entrevistas com os usuários com deficiência de visão.
O aplicativo também é acessível em LIBRAS.
“Todos os conteúdos do aplicativo estão disponíveis em LIBRAS, já que é a primeira língua oficial para muitas pessoas surdas.”
Para além das telas
A ideia é que os aplicativos sejam apenas ferramentas para auxiliar nas visitas, sem tomar o protagonismo das paisagens do espaço que estão além da tela do celular. O público também pode fazer a visita de casa, e os softwares apresentam orientações gerais, por exemplo, de como se vestir nos passeios nas trilhas do Cerrado, além de informações sobre os horários de visitação.
A ferramenta também tem um sistema de recompensa para estimular as visitas por meio de figurinhas virtuais, que os visitantes coletam no meio do caminho.
“Mesmo usando a tecnologia, a gente buscou incentivar que a pessoa interagir bastante com o ambiente que elas estavam visitando e para que elas dialogassem entre si e não ficassem presas só na tela do celular “, concluiu Mayla.
O aplicativo não necessita da internet para funcionar e está disponível para download gratuito.
Agora em 2023, as educadoras da Fubá pretendem fazer um aplicativo para estimular as visitas em áreas verdes e diferentes da cidade de São Carlos, que deve ser lançado até o final deste ano.
