Review: Final Fantasy 7 Rebirth vira benchmark para série


Com um desafio de cativar fãs do original e, ao mesmo tempo, agradar aos entusiastas que aguardam a continuação da “jornada rumo ao desconhecido”, Final Fantasy 7 Rebirth me surpreendeu em muitos níveis depois de mais de quase 100 horas de jogatina, mostrando que soube fazer a lição de casa e aprimorar as carências da primeira parte.

Apostando forte em sidequests, história emblemática e talvez o melhor (ou talvez o único verdadeiro) mundo aberto da série, o game navega um mar de elogios em meio a alguns pequenos deslizes técnicos.

O Flow Games gentilmente recebeu Final Fantasy 7 Rebirth de forma antecipada para realizar esta análise e você pode conferir o review completo abaixo.

final fantasy 7 rebirth

Imagem: Square Enix

Uma expansão colossal e merecida na história

Esta resenha não contém spoilers, mas vamos comentar sobre eventos de Final Fantasy 7 e Final Fantasy 7 Remake.

Já tivemos uma boa amostra na primeira parte do que era expandir as histórias, dar mais peso aos eventos e aproveitar de uma maneira bem mais impactante cada personagem do elenco, seja ele secundário ou protagonista. Entretanto, ao menos para mim, a dosagem às vezes passava da conta.

Se FF7 Remake muitas vezes parecia extenso até demais e com conteúdo inflado quase desnecessário, Final Fantasy 7 Rebirth usa com brilhantismo o leque de personagens e ambientações que tem a oferecer, sem deixar a peteca cair ou nos entediar pelo caminho. É como diz o ditado: a diferença entre o veneno e o remédio é a dose.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Sem exageros, se você focar em fazer as atividades secundárias e explorar tudo que o início da jornada tem a oferecer, um trecho que durava no máximo 1 hora no game de 97 se torna em uma experiência de 10 a 12 horas no Rebirth – e aí vem a cereja do bolo: isso não é cansativo, mas recompensador.

Deixando o amor pelo jogo e pela franquia de lado, por mais que a magia e o “tchan” da série sempre seja aquele “brilho” que a destaca entre os concorrentes, preciso admitir que parte do carisma e amor que o elenco de Final Fantasy 7 tem é mais pelo universo expandido do que pelo título original.

Antes de me aventurar pelas quase centenas de horas de Final Fantasy 7 Rebirth, revisitei o jogo de PS1 antes para ter tudo fresco na memória: o que o novo game faz para a trama original é um enorme favor. É gratificante, engraçado e, principalmente, bem emocionante ver figuras como Yuffie, Red XIII e Cait Sith tendo papéis tão mais marcantes.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

A Square Enix aproveitou o seu ponto mais forte de forma exímia aqui: o carisma e magia que são inigualáveis entre os JRPG. Os desenvolvedores foram além e ampliaram o mundo fantástico de Gaia e suas regiões, criando enredos mais compreensíveis do passado de cada local e a sua relação com cada membro da trupe.

A trama de Rebirth expande cada momento icônico que lembramos e conhecemos, mas ativamente ir atrás das atividades pode ser ainda mais satisfatório para os fãs. E, para quem saber reconhecer, há uma fidelidade enorme em reproduzir cada detalhe do original, diferente do título anterior, que mais criou conteúdo novo do que reproduziu.

Final Fantasy 7 Rebirth consegue honrar muito o legado do original e expandir bastante os pontos mais simples

Não vamos entrar em território de spoilers, mas há um esmero na produção desta aventura: o que era bom ficou dez vezes melhor e os elementos novos funcionam bem em transformar Final Fantasy 7 Rebirth em uma espécie de sequência à obra original. Esse ar de curiosidade em ver quais eventos da trama vão ou não mudar é uma sacada brilhante e que continua presente e, talvez, até melhor.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Como é de praxe no DNA de Tetsuya Nomura, reviravoltas e muitas perguntas em aberto fazem parte da experiência, mas é esse gostinho em atingir o âmago da nossa curiosidade é que tornam essa experiência tão única. Em 7 Remake, as mudanças dividiram os fãs, mas em Rebirth creio ter sido um meio termo perfeito para todos os tipos de público.

De uma forma curiosa, Final Fantasy 7 Rebirth é extremamente fiel ao original até nos detalhes pequenos, mas toma algumas liberdades poéticas em adaptar alguns elementos, como a antecipação de certos trechos e adiamentos de outros, como Rocket Town.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Porém, sem dúvidas temos uma história respeitável aqui, com uma trama bem contada, uma unificação muito coesa do universo (com personagens de todos os jogos expandidos aparecendo) e muitas intrigas, mas sempre expandindo. Pode apertar os cintos e se preparar para fortes emoções.

Mesmo com muita fidelidade, Final Fantasy 7 Rebirth ainda empolga com novidades na história e cria intrigas que nos cativam a jogar mais

Ah, e pode ficar tranquilo: tudo é legendado com uma excelente (e às vezes até engraçada) tradução para PT-BR.

Sem medo de honrar o original e abraçar a galhofa

Na completa contramão, esse tom mais sério contrasta com algo que achei extremamente bem-vindo: o tom de galhofa do original. Que alegria ver que a reimaginação não deixa de lado esse legado noventista que marcou a geração do PS1.

E não estou falando de algumas cenas específicas (porque elas existem), mas de todo o tom de brincadeira, piadas e pura diversão que arranca sorrisos. Novamente, entramos na área de conteúdo secundário: as recompensas não são apenas os recursos, mas o laço reforçado que criamos com esses personagens em tela.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Um desses exemplos é Yuffie, uma personagem antes secundária e até opcional na aventura, que se torna a alma jovem e cômica da party (mas sem cair em arquétipos e estereótipos clichês), com suas musiquinhas inventadas, suas piadas e trapalhadas adolescentes. Sem ela, Final Fantasy 7 Rebirth seria outra coisa – e pensar que ela era opcional antes.

Ou que tal aproveitar Final Fantasy 7 Rebirth dando um rolê em Costa del Sol com trajes de banho, jogar partidas de carta contra um cachorro (sim, literalmente) ou ficar curioso para saber quão fofinhas são as patinhas de Red XIII? Momentos como esse recheiam a extensa campanha deste título com uma leveza que ajuda a rebater momentos sérios.

Uma das melhores decisões que tomei antes de me aventurar foi ter mergulhado no original e ter tudo fresco na cabeça. Essa memória recente ajudou bastante a identificar o trabalho minucioso da Square Enix em oferecer uma campanha tão polida e com um enredo extremamente bem-desenvolvido, sério onde precisa e divertido no meio tempo.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Pode parecer bobeira, mas são coisas como essas que enaltecem Final Fantast 7 Rebirth ainda mais em uma campanha tão extensa que poderia facilmente cair em ostracismo. Diferente de outras empresas, a Square não jogou fora “o que era velho”, mas retrabalhou tudo para manter a alma do material original intacta e, para mim, melhor.

Finalmente um mundo aberto de respeito

Se tem uma coisa que não só Final Fantasy 7 Remake (assim como a própria franquia) nunca fez direito foi a adição de conteúdo secundário. Claro, aqui e ali havia suas atividades paralelas, especialmente no esboço que vimos em Final Fantasy 12, mas muito longe dos parâmetros modernos – o que inclui os títulos mais recentes, como 7 Remake e 16.

Entretanto, em Final Fantasy 7 Rebirth esse cenário muda. Na verdade, muda tanto, que qualquer título da série que almejar um mundo aberto e não seguir (ou aprimorar) o que temos dessa vez, fará um grande desserviço à campanha.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

A exploração do game é louvável. Aquele sonho de criança, de imaginar como seriam os campos abertos básicos que rondamos no PS1 seriam em um jogo moderno, foi conquistado. A Square Enix realmente se dedicou em confeccionar um espaço aberto coerente e que tem muitas atividades para fazer.

Há muito conteúdo para aproveitar e praticamente tudo é divertido, o que já acerta logo de cara, mas vou comentar sobre eles mais abaixo. A realidade é que a distribuição de conteúdo e o level design são bem competentes e a distribuição de coisas a se fazer pelos mapas gigantescos é bem satisfatória.

O mundo aberto de Final Fantasy 7 Rebirth cria benchmarks para a franquia e é um excelente competidor em relação ao que temos em JRPG

Mas o que chama atenção mesmo é o senso de escala, a chance de ver cidades longínquas com detalhes, ver os ecossistemas se interligando, a direção de arte para enquadrar tantos marcos e monumentos reconhecíveis, tudo é exemplar, passando o sentimento de apenas um grupo tentando fazer a diferença no mundo.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Final Fantasy 7 Rebirth acerta em muitas coisas, muitas mesmo, mas poucas extrapolam tanto quanto o open world apresentado por aqui: ele está realmente muito acima do nível comum que vemos em RPGs e jogos de ação de mundo aberto que apostam em paisagens naturais.

Kalm, por exemplo, deixou de ser um vilarejo de um punhado de casas sem nada para fazer para uma verdadeira cidade turística cheia de conteúdo e extremamente bem-contextualizada (diferente do que vimos em Final Fantasy 15, por exemplo), com muralhas que protegem contra os perigos naturais.

E o que dizer de Junon, com a cidade abaixo afetada pela construção da Shinra e com seus próprios problemas, enquanto a cidade superior esbanja riqueza? Ambas são conectadas, passam uma verdadeira sensação de cidade grande e não um punhado de prédios construídos aqui e ali.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

E, acima de tudo, todos esses elementos têm uma fortíssima identidade e charme para oferecer, algo que ajuda a convencer que este é um mundo vivo, com culturas e desenvolvimento distintos. Cada área possui sua própria geologia, desafios e meios de locomoção para nos manter cativados em continuar a ver o que está por vir.

Essa escala megalomaníaca de Final Fantasy 7 Rebirth poderia ser um problema, como vimos no Remake, com possível tédio entre viagens, mas a equipe também soube consertar uma falha de ritmo com a adição de chobobos de diferentes tipos, veículos diferentes e um sistema de fast travel fantástico que sempre evita entediar o jogador entre locomoções.

As barrigadas e conteúdo arrastado do Remake são completamente corrigidos em Final Fantasy 7 Rebirth, mesmo sendo muito mais longo

São pequenos detalhes que podem passar despercebidos durante todo o proveito da jornada, mas a sensação de ter um mundo realmente aberto e que funciona bem acaba se tornando um pilar extremamente importante dessa experiência tão marcante.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Conteúdo secundário faz a lição de casa e diverte horrores

Durante o desenvolvimento de Final Fantasy 7 Rebirth, o diretor do jogo revelou que a equipe olhou com bastante carinho para The Witcher 3 como um modelo a ser seguido quando o assunto é conteúdo secundário. E, por mais que não seja igual (seja em quantidade ou qualidade), a lição de casa foi feita e garantiu conteúdo narrativo muito rico.

Confrontos contra monstros mais fortes, conquistas de torres de informação (parece Ubisoft, mas é legal, juro), áreas de descoberta de tesouros, edifícios e personagens para entrar e conversar e até uma atividade recorrente global que leva a uma das quests mais divertidas do jogo com um personagem bastante emblemático (e divertido).

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Onde quer que você ande em Final Fantasy 7 Rebirth, temos algo para fazer, o que inclui mini games muito agradáveis de gastar boas horas e dar uma pausa na jornada de salvar o mundo. Assim como as atividades, há diferentes tipos deles, dos inéditos aos clássicos revitalizados, e a grande maioria é bem gostoso de aproveitar.

Gold Saucer é um espetáculo e há muitas atividades bem legais para realizar. Fort Condor, 3D Brawler, tocar músicas no piano, se tornar um fotógrafo profissional, corrida de chocobo: o que você imaginar, tem por aqui, e a grande maioria é bem divertido de consumir. E temos Queen’s Blood.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

O novo jogo de carta é um vício que será difícil de largar, garanto. Se você gostava de Triple Triad, Queen’s Blood é uma das atividades mais insanamente divertidas de aproveitar durante toda a campanha e, por incrível que pareça, tem sua própria linha narrativa para desvendar mistérios.

Queen’s Blood é um dos trunfos de Final Fantasy 7 Rebirth e merecia ser um jogo a parte de tão bom

Até mesmo atividades banais, como encontrar fontes do Lifestream espalhadas pelo mapa, geram informes regionais que explicam mais sobre o contexto de cada região, nos dando, por exemplo, uma explicação melhor sobre a antiga República de Junon, suas tecnologias e o resultado do embate contra a Shinra.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

É um prato cheio para quem gosta do universo maravilhoso do título original, mas nunca teve uma expansão tão grande por conta das limitações técnicas da época. E, felizmente, é com grande prazer que posso finalmente comunicar que as sidequests são bem gostosas de executar.

Sim, ainda temos aquelas fetch quests aqui e ali, como buscar galinhas perdidas, mas sempre com um retoque que tira a monotonia do passado: não é incomum vermos mecânicas únicas puramente para essas missões (uma delas envolve até batalhar como sapos e completar um mini game).

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Porém, o destaque fica para a restante maioria de Final Fantasy 7 Rebirth, que aprende com os moldes da CD Projekt Red e não só oferece uma atividade extra, mas também uma linha narrativa para cada missão paralela. Vemos muitos personagens compartilharem sua história, dores e alegrias que gratificam e recompensam com narrativa o esforço empenhado para terminar as quests.

Novamente, não é nada tão complexo como o que vemos em The Witcher 3, mas beber dessa fonte de inspiração construiu algo que tanto Final Fantasy 7 Remake quanto Final Fantasy 16 falharam: criar missões secundárias cativantes.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

E, enquanto realiza diversas quests em Final Fantasy 7 Rebirth, você também tem a chance de fortalecer os vínculos com os personagens do grupo, tanto pessoalmente quanto na mecânica de “social link”, que deixa muito mais claro os membros que gostam de você para o encontro de Gold Saucer – que antes era uma mecânica escondida.

Tudo isso não é exatamente algo excepcional para o modelo atual da indústria, mas sem dúvidas é para a franquia Final Fantasy e, principalmente, para o fã da série. Eu gastei dezenas e dezenas de horas tentando completar cada região, mas não por obrigatoriedade ou colecionismo, mas porque é puro e simples videogame: divertido até a raiz.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

E, quando você acha que Final Fantasy 7 Rebirth já deu tudo o que tinha a oferecer e você já completou tudo que teve a chance pelo caminho, o endgame revela ainda mais atividades e sidequest por todo o mapa, garantindo mais uma ou duas dezenas de horas de conteúdo na mesma qualidade, agregando ainda mais valor ao pacote já generoso de diversão.

Mais quests, mais jogadores de Queen’s Blood, todos os mini games de Gold Saucer atualizados, novidades extras (que não vou comentar para evitar spoilers), mais áreas para desbravar e tudo o que os nossos ouvidos mais gostam de escutar. Pode esperar por mais de 100 horas para completar tudo (e sequer estou falando de platinar).

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Combate se tornou o auge da franquia e isso não está aberto a debates

Não é exagero dizer que Final Fantasy 7 Remake tenha encontrado a fórmula secreta para elevar o combate da série ao seu ápice, já que muitos tendem a concordar que a mistura entre ação e a clássica barra ATB é uma sacada genial. Para Final Fantasy 7 Rebirth manter essas qualidades era fácil, mas a Square Enix conseguiu se sobressair e aprimorar o que, para muitos, já estava perfeito.

Muitas das novidades de Intermission, DLC de Yuffie, retornam aqui, como as habilidades de sinergia, que foram amplamente estendidas por aqui para ter mais opções de ataques que não usam barra de ATB e outras bem mais poderosas que geram animações e efeitos incríveis.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Tudo isso é explorado no sistema de Tomos de Final Fantasy 7 Rebirth, uma espécie de “Sphere Grid” que traz diferentes lugares para gastar pontos de habilidade em ataques conjuntos e alguns upgrades de atributos, que você pode até redistribuir na hora que quiser. Por mais que seja competente, talvez ele não seja tão complexo quanto você ou a própria Square Enix pensa, mas dá conta do serviço.

Combate de Final Fantasy 7 Rebirth melhora o que já era quase perfeito

O que chama atenção mesmo são as novidades, como a possibilidade de realizar defesas perfeitas, que mitigam completamente o dano e aumentam bastante a barra de atordoamento adversária, e a bem-vinda mecânica de ataques à distância: quase todos os personagens agora têm alguma forma de lutar contra criaturas voadoras, retirando a obrigatoriedade de ter Barret ou Aerith na party em momentos específicos.

Final Fantasy 7 Rebirth também acerta em uma sacada muito boa: para onde vai o restante da sua equipe quando ele não está em batalha? Aqui, eles estão sempre com você, ajudando na linha de trás com alguns ataques a distância e até realizando ações especiais se todos os combatentes morrerem.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

O melhor? Eles também ganham experiência e aumentam de nível junto, sem a necessidade de ficar trocando os personagens para aumentar o nível e dando a chance de aproveitar as lutas com a equipe que achar melhor. E, por falar no conjunto…

Final Fantasy 7 Rebirth apresenta Red XIII e Cait Sith como personagens jogáveis inéditos, ambos bem divertidos e com suas próprias mecânicas únicas, garantindo ainda mais estilos para aproveitar durante a jogatina. Além disso, todo o resto da equipe ganhou algumas mudanças, como estilos e habilidades inéditas, para dar um frescor no gameplay.

Bom, e o resumo disso? Nada mais do que espetacular e extremamente prazeroso de aproveitar. Todas as batalhas têm transição fluida entre o cenário e a exploração e os summons continuam espetaculares: a clássica filosofia de aprimorar o que já era bom.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

A única “reclamação” é que algumas habilidades, armas e invocações do game anterior não foram transferidas para Final Fantasy 7 Rebirth, dando um senso maior de continuidade. Seria legal? Claro. Faz falta? Honestamente, não, porque as adições compensam bastante.

Pode esperar por muitas batalhas contra chefes épicos e praticamente todos os adversários do jogo de 97 dando as caras de uma forma bem mais modernizada.

Final Fantasy 7 Rebirth acerta em cheio na trilha sonora

Não é segredo que Final Fantasy 7 esbanja uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos, com marchinhas e faixas sonoras que realmente marcaram uma geração. Apesar de os efeitos em MIDI terem seu charme, toda a repaginada de Final Fantasy 7 Rebirth agrega bastante à experiência.

É a história se repetindo mais uma vez: novamente, a OST, trilha sonora original, foi retrabalhada para garantir um impacto maior em cada cena que o jogo retrata e há bastante nuances por aqui.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

O tema de Aerith, por exemplo, tem rearranjos de acordo com a região do mapa, todas as músicas têm um papel fundamental em passar a carga dramática que a história constrói tão bem, andando de mãos atadas para entreter. Poucas trilhas sonoras acertaram tão bem como a de Final Fantasy 7 Rebirth, que ainda exibe faixas inéditas e tocantes.

Os gráficos são excelentes, mas têm deslizes

É inegável que a direção de arte de Final Fantasy 7 Rebirth é uma das melhores que a franquia já teve. O que antes parecia bem “videogame”, hoje tem carinha de CG em tempo real, dando os holofotes que os personagens tão carismáticos e emblemáticos que tanto amamos.

Conforme citado, o senso de escala e identidade é impecável. Sério, simplesmente sem defeitos, sem nenhum único ponto negativo a destacar. Pode esperar usar bastante o modo foto e criar imagens de tirar o fôlego. A escala macro da jornada é assustadoramente boa e figura entre as melhores já feitas, por mais exagero que pareça.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Contudo, você já deve ter visto na internet que a demonstração de Final Fantasy 7 Rebirth não vendeu muito bem a sensação de um jogo de nova geração, com algumas fotos bem feias e texturas que parecem bastante datadas até mesmo para a geração passada. E isso se aplica ao jogo final?

Bom, a notícia triste é que sim, há ângulos e momentos que certamente mereciam mais atenção. A notícia boa? É que eles não são tão frequentes quanto você imagina. A realidade é que Final Fantasy 7 Rebirth funciona de forma exímia na escala macro, mas não tão bem em microdetalhes.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Sim, muitas texturas do mundo aberto são de baixíssima resolução e basta olhar, até sem muita atenção, para identificá-las. Entretanto, é curioso como ao andar de buggy ou nas costas de um chocobo elas podem passar despercebidas. Isso é quase irrelevante, mas o que pega mal são quando elas aparecem onde não deveriam.

Em algumas cutscenes de Final Fantasy 7 Rebirth, personagens ativamente interagem com elementos de baixíssima resolução ou a câmera faz um panorama em diversos objetos com detalhes bem baixos, quebrando a imersão. Contudo, novamente, isso é raro de acontecer e pode ser ignorado na maioria das vezes.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

O que pegou de surpresa de verdade é que, nos ângulos certos, a iluminação pode tornar belíssimos modelos 3D em uma bagunça. Ou, para piorar, o modo Performance, em 60 fps, deixa tudo bastante borrado, mesmo após o suposto update que corrigiria isso – mas talvez mais atualizações cheguem e consertem essa bagunça.

Eu sou do time que sempre, sem exceção, joga em 60 fps, mas devo confessar que tive que quebrar minha regra dessa vez. Achei Final Fantasy 7 Rebirth simplesmente ruim demais de olhar com esses problemas visuais e optei pelo modo Qualidade, que elimina o problema de resolução, mas com o ônus de 30 fps.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Ao menos os elementos visuais são simplesmente soberbos e corrigem grande parte dos defeitos (e vale lembrar que o desempenho de Final Fantasy 7 Rebirth é consistente em ambos os modos).

A verdade é que manter a Unreal Engine 4 como plataforma não foi a escolha mais sensata do time (apesar de talvez ser a mais sábia para acelerar o desenvolvimento). Há sim bastante pop-in – mas que não incomodam – e, principalmente, alguns objetos com LOD bem baixo que mostram qualidade de “não carregados” em distâncias relativamente baixas. A parte boa é que, novamente, são raros de encontrar.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Final Fantasy 7 Rebirth vale a pena?

Quantos jogos refeitos por aí conseguem ser fiéis ao material original e expandirem absurdamente para ainda atrair a curiosidade? A mistura de Final Fantasy 7 Rebirth é bem única, servindo à nostalgia e também rumo ao desconhecido, entregando junto no pacote um dos melhores Final Fantasy já feitos e, por tabela, um dos melhores JRPG também.

Tudo que FF7 Remake tinha de deficiências foi amplamente corrigido, aprimorado e ainda fez a lição de casa certinha para agregar uma dose cavalar de entretenimento, fortes emoções, surpresas e a velha e boa diversão que dá liga a qualquer jogo exemplar.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

É preciso ficar muito evidente aqui. Final Fantasy 7 Rebirth não é incrível apenas porque corrigiu e aprimorou pontos que o seu antecessor não executou de forma impecável. Ele é brilhante porque não só o combate, exploração e conteúdo secundários são melhores, mas porque são excelentes em comparação ao que temos no mercado.

O mérito de Final Fantasy 7 Rebirth não é corrigir, é trazer algo que é melhor em relação ao gênero, algo que, por muitas vezes no passado da franquia, deixou a desejar – e hoje se torna benchmark para a série e também para outros JRPG. Claro, há seus deslizes aqui e ali, mas eles são rapidamente ofuscados pelo trabalho quase impecável de todo o resto.

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Imagem: Flow Games/Vinícius Munhoz

Ele é um jogo completo por si só, por mais contraditório seja ter essa sensação de um único game dividido em três. Porém, mais de 100 horas de conteúdo e tanta coisa a se fazer cada vez mais parece uma decisão acertada se executada da maneira exímia que vemos por aqui. Simplesmente é um jogaço.

Final Fantasy 7 Rebirth foi gentilmente cedido pela Square Enix para a realização desta análise.


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