Review: Starfield anseia o infinito e pousa em solo familiar


Há tantos anseios orbitando Starfield que, por vezes, foi até difícil separar o fenômeno da obra durante o review. Mas antes de ser a figura de messias para este momento “político” que os fãs tanto conspiram, o game ainda é um produto com seus próprios brilhantismos e turbulências em seu disparo à órbita dos grandes astros do Xbox.

Após mais de 80 horas de experiências e gameplay com a nova obra da Bethesda, creio que assim como a vastidão de planetas para explorar, há uma experiência e um bioma para cada tipo de jogador aqui.

Nesta corrida espacial velada entre fãs de Xbox e PlayStation que o game representa, talvez Starfield não seja o pouso na Lua da Apollo 11 perfeito que muitos aguardam, mas isso não retira o brilho que a vastidão do espaço, momentos contemplativos e quests da mais alta qualidade me entregaram nesta jornada que, talvez, ainda me reserve muitos mistérios.

Confira a nossa análise completa!

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Imagem: Bethesda

Ao infinito e…

“Mais de 1 mil planetas”. Quantas vezes ouvimos isso durante o marketing de Starfield? De fato, o jogo tem uma imensidão de astros celestes para visitar (e ainda mais, se pegarmos alguns extras). Cada sistema solar da Via Láctea está repleto de planetas para pousar, cada um deles com seus satélites (leia-se “luas”) e, eventualmente, até estruturas feitas por humanos.

Apesar de raras, você eventualmente terá que acoplar a sua nave em estações espaciais, naves de outros personagens e outros locais dos mais variados tamanhos – sério, alguns deles são verdadeiras cidades.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

O limite da sua exploração é o tamanho do seu desejo por descobertas. Se algo existe, você pode ir lá, com raríssimas exceções, como os planetas que são gigantes gasosos, como Júpiter. Entretanto, nada se compara ao sentimento de pousar em uma lua e observar um planeta muito próximo, mesmo que não haja nada para fazer por lá.

Momentos como esse compõem parte do brilho radiante de Starfield, mesmo que, em algumas vezes, eles não passem de uma experiência contemplativa. Outro ponto positivo é a atenção aos detalhes de física e “realismo”, com cada planeta representado com sua hora local (mas ainda há um horário padrão), gravidade e condições climáticas diferentes.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Alguns corpos celestes não terão atmosfera, o que requer um traje espacial e, possivelmente, alguma proteção contra a radiação solar; outros têm atmosfera, mas não necessariamente oxigênio ou condições favoráveis à vida (sim, somente 10% dos planetas têm fauna e flora, mas isso não é um problema, é apenas uma estatística mais realista).

Em grande maioria, esses elementos serão procedurais, mas há alguns especiais. Todos os planetas feitos à mão de Starfield têm seu charme, suas criaturas e satélites com estruturas manufaturadas pela própria Bethesda. Nesses aspectos, Starfield surpreende muito e mostra alguns claros sinais de evolução de sua fórmula e DNA que acompanham franquias há 30 anos.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Se a sensação de ser um explorador do espaço e do desconhecido era o objetivo, a Bethesda acertou, mas não em cheio. Veja, essa era uma dúvida e um alerta que eu tinha desde o início: precisamos de tudo isso? A beleza e a sensação de imensidão espaciais são ótimas para a imersão, mas cavar um pouco mais a fundo revela suas limitações.

… além?

Sim, o vídeo de vazamento de Starfield que circulou por aí é real: no momento que você pousa sua nave, uma área de 16 km² é gerada proceduralmente (nunca será igual para todos) e correr 4 km para qualquer direção garante uma mensagem na tela para retornar à embarcação, pois não há conteúdo gerado além disso.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Nós não podemos sobrevoar os planetas e sair de órbita como em No Man’s Sky, só é possível estar com a nave em órbita de um astro celeste ou pousar para que o conteúdo seja criado.

Desta forma, a única maneira de locomoção é o jetpack e a caminhada. E só. Em corpos celestes com gravidade baixa, como em luas, ele até quebra um galho (gastar mais pontos de skills neste recurso também ajuda), mas é muito ruim em atmosferas mais densas. Starfield carece bastante de um veículo terrestre, nem que fosse apenas para não ficar pulando sem parar e não se preocupar recorrentemente com sua carga de oxigênio.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Sem dúvidas é um ponto que me incomodou bastante em Starfield e, apesar de ser algo que, para muitos, seja um pecado capital ter essa escala limitada e péssima maneira de locomoção, talvez as pessoas estejam olhando para o lugar errado neste momento.

É compreensível (apesar de não ideal) a decisão de game design, já que estamos falando de escalas reais e a Bethesda quer garantir que cada pouso, em qualquer lugar, tenha algo a ser feito – mas ainda acharia melhor ter um planeta inteiro gerado proceduralmente para não tirar essa sensação de liberdade.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Mas esqueçam isso, essa não é a raiz do problema em Starfield. O que mais incomodou aqui foi o tipo de conteúdo gerado. Dezenas de planeta que eu pousei para testar tinham a mesma estrutura: bolas de rochas (geladas ou quentes, adversas ou não) com os mesmos entrepostos piratas ou siderais, os mesmos laboratórios abandonados, as mesmas cavernas para explorar.

Não é exagero dizer que encontrei o mesmo laboratório criogênico abandonado quatro vezes. E, se fosse apenas o layout, eu conseguiria relevar, pensando em uma lógica de “estruturas de produção em massa” deste universo. Mas o local contava uma história: cientistas mortos aqui e ali de forma desesperada, carregando dados e segredos, algo muito legal para um local trivial.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Porém, quando os mesmos cientistas mortos aparecem na mesma posição, com o mesmo tipo de loot, essa magia se perde. Isso se repetiu com alguns outros prédios também, mas preciso ser justo: talvez eu tenha dado o azar da estatística. Starfield é muito gigantesco e é esperado que alguns elementos se repitam, mas pode ser que na escala macro isso não seja tão comum – mas vale a ressalva.

No fim, essas estruturas procedurais foram muito genéricas e sem personalidade, algo que, para mim, acaba se tornando um dos calcanhares de Aquiles em uma experiência da Bethesda. Se você é fã de Fallout ou The Elder Scrolls, certamente sabe contar de cabeça após mais de uma década diversos pontos marcantes do mapa de Fallout 3 ou Skyrim, como Megaton, o museu de Lincoln, a cidade dos ghoul, a comunidade de vampiros e mais. Eu não tive muito essa sensação com Starfield fora das principais cidades do game.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Até quando havia vida nestes planetas, a estrutura de gameplay de Starfield não muda. Você pode escanear elementos, como minerais, fauna e flora, coletar recursos ou se aventurar em alguma estrutura abandonada.

Em algumas raras ocasiões, esses locais estarão ocupados por humanos aliados, que vão gerar uma quest genérica, similar às Radiant Quests de Skyrim para oferecer um conteúdo “eterno”. Vou me aprofundar mais sobre detalhes de recursos, crafting e quests genéricas ao longo do texto, mas vamos retornar ao tópico.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Quantidade acima de qualidade

Talvez seja uma expectativa pessoal, mas também senti falta de uma criatividade maior na confecção desses planetas de Starfield: afinal, são mais de 1 mil! Nunca encontrei uma grande variedade que me brilhassem os olhos.

Com tantas referências legais na cultura pop (já pensou em um planeta à la Duna? Ou o icônico planeta de água de Interestelar?), encontrei algo muito básico, formas alienígenas repetidas, montanhas genéricas e planícies descampadas aos montes.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Existem sim alguns corpos celestes mais diferentes, mas nada destoante do padrão (ao menos na minha experiência). Gostaria de ver vulcões ativos, planetas com atmosferas quentes e densas que dão vida a criaturas gigantescas, planetas com baixa velocidade de rotação, criando polos com temperaturas opostas e ventos fortíssimos.

Apesar de seguir mais o lado fantasioso, Outer Wilds é um bom exemplo de manufaturar experiência mais singular. Eu trocaria facilmente uma dezena de planetas ousados, criativos e com condições climáticas adversas pelos mais de 1 mil de Starfield em um piscar de olhos.

Seria novamente uma questão de estatística e eu só não os encontrei? Boa pergunta, mas isso também reforça o caso de o jogo não saber vender o peixe de Starfield em muitos momentos.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Essas coisas são o oposto do que avalio como recompensador ao jogador que nota algo, vai atrás e ganha uma surpresa. Vimos exemplos assim recentes com Zelda e até jogos de escala menor, como Baldur’s Gate 3. No fim, não achei uma boa escolha optar pela megalomania procedural em vez de conteúdo feito à mão, expertise da Bethesda.

Para mim a qualidade sempre vem antes da quantidade. Honestamente, tanto faz se a área de pouso procedural é de 16 km², 50 km², 200 km² ou até ilimitada, o problema de Starfield é outro: sem meias palavras, é simplesmente muito ruim e chato cavar algo para fazer nesses planetas, especialmente sem uma forma adequada de andar na superfície desses locais.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Existem coisas boas em Starfield? Sim! Mas, para mim, caiu no mesmo problema de estatística: sem muita vontade de explorar por conta, vez ou outra me deparei sem querer com algumas quests e diálogos legais (sem spoilers), assim como naves me contatando para algumas das melhores falas soltas por aí.

Contudo, como dito no começo desta análise, Starfield é um jogo tão absurdamente gigantesco que cada sistema mecânico é um jogo à parte: talvez, isso não tenha apelado para mim, mas talvez para você seja uma mina de ouro simplesmente vagar por aí, coletar recursos e criar entrepostos para seus tripulantes.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Apesar de esses elementos poderem cair em tópicos subjetivos, ainda há outros problemas estruturais graves que gostaria de comentar.

Perdido nas estrelas

Digamos que você não ligue para as limitações citadas acima e ainda ache legal somente se perder por centenas de planetas diferentes. Infelizmente, você ainda vai encontrar problemas neste aspecto em Starfield. Conforme mencionamos anteriormente, você não pode sobrevoar com a nave, assim como não tem nenhum tipo de veículo à sua disposição.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Coletou mais recursos do que você e seu companheiro podem carregar? Boa sorte retornando à nave com sobrepeso a 4 quilômetros de distância (especialmente em planetas com gravidade alta). Quanto mais pensei em fazer incursões em planetas distantes, mais desmotivado eu fiquei, é simplesmente um sistema que incentiva pouco a descoberta.

De qualquer forma, encontrar coisas no mundo não é bem o forte da experiência, por mais triste que seja dizer. Em Fallout e Skyrim, inevitavelmente você andava até seu objetivo e encontrava pontos de atenção a todo momento no mapa. Em Starfield, não demora muito para se tornar virar um festival de viagem rápida e acionamento de motores de dobra para onde precisa ir.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Até o momento estou falando na escala macro, mas isso também se replica à escala micro. Primeiro, vamos aos elogios: Starfield tem algumas das cidades mais incríveis já feitas em um jogo: a direção de arte, o tamanho, os visuais, a possibilidade de explorar à vontade cada prédio e fachada de lojas, tudo é impecável.

Além do que vemos à céu aberto, todas as principais cidades de Starfield, como Akila City, Nova Atlântida, Neon e outras menores, como Cydonia, têm diferentes níveis e complexos à parte, como áreas residenciais, setor de condomínios de luxo, prédios com múltiplos andares, regiões periféricas e mais.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Diferentes facções residem em diferentes sistemas e sempre há um montante enorme de quests, personagens, eventos e outras coisas interessantes para presenciar. Tudo parece vivo, orgânico, natural e nisso a Bethesda está de parabéns. Poucas vezes vi um RPG tão denso e recheado de atividades, Starfield ultrapassa em muito o que vimos no passado.

Eu queria simplesmente passar horas andando pelas ruas de Akila ou entrando em cada andar de alguns prédios de Nova Atlântida, pois sempre que você procura algo para encontrar em Starfield, existe algo para fazer (em diferentes níveis de qualidade de quest, claro).

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Porém, é aí que começam as dificuldades. Starfield não apresenta um mapa ao jogador para absolutamente nada (a não ser o mapa estelar para explorar sistemas diferentes), nem minimapa nem mapa da cidade. Eu apostaria na possibilidade de você passar de 100 horas de gameplay e descobrir regiões novas das cidades por pleno acaso.

Sabe a loja de armas que você encontrou sem querer em um dos andares de Cydonia, em Marte? Vai ser difícil reencontrá-la novamente daqui 20 horas. Neon City, que achei a mais fantástica de todas, também consegue me confundir bastante. E Akila City? Até agora, eu não sei onde está a loja de livros ou onde está o bar em que consegui quests com NPCs (ou a casa do pai de Sam, um dos companheiros).

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

É simplesmente muito frustrante não haver nenhum tipo de orientação e isso é válido para todos os aspectos de Starfield, desde cidades a áreas internas de prédios e instalações. É possível perder loot valioso, missões divertidas ou, no geral, deixar de experimentar todos os sabores da aventura.

Um exemplo bobo, mas real: eu comprei um apartamento no Poço, cidade subterrânea de Nova Atlântida, e não é possível realizar uma viagem rápida até lá. Eu fui uma vez para completar uma quest, mas simplesmente não sei onde ele está novamente, Starfield não tem indicadores, marcadores, bússola, nada.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Esse é, para mim, o potencial pior ponto de Starfield e um dos mais irritantes de toda a experiência. O que eu amei, eu amei demais, mas problemas estruturais como esse feriram bastante o impacto do game. Some isso aos relatos anteriores e você deve imaginar que, para um título que foca tanto em exploração, o alicerce é frágil.

Uma das melhores campanhas da Bethesda

Demorei para mergulhar nos pontos sobre a campanha de Starfield, mas talvez fosse melhor tirar o elefante branco da sala primeiro, porque daqui para frente é praticamente só elogios. Antes de Tolkien criar O Senhor dos Anéis, ele criou uma língua; e, para a língua, deveria existir pessoas que a falassem.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Com Starfield, a lógica é similar. De nada adianta mais de 1 mil planetas se não há um povo diverso e com suas próprias peculiaridades para tornar um RPG deste porte interessante, mas não há o que temer aqui: a Bethesda manteve seu nível de qualidade e, provavelmente, se superou.

Há muitas facções distintas, cada uma com sua própria cultura, crenças e valores: ações que você toma no planeta Y não necessariamente repercutem bem no sistema X. O pano de fundo também é bem construído, com uma carga histórica desde o tempo atual que ajuda bastante na imersão, mas não é obrigatório para o seu proveito.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Na história de Starfield, incorporamos o papel de um minerador que se depara com um artefato capaz de mostrar vislumbres de alguns segredos do universo. São poderes alienígenas? Itens humanos criados por outra civilização? Cabe a você e aos membros da Constelação, organização que desbrava os confins do espaço, descobrir.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

O seu enredo é único e a personalização foi um aspecto positivo bem forte aqui, com tratos físicos e de personalidade que alteram eventos e diálogos durante a jornada. Só tenho elogios a fazer e gostaria bastante de repetir a dose com outro pano de fundo, inclusive adotando abordagens distintas em relação aos artefatos (você pode acreditar em um viés científico ou religioso durante algumas conversas, por exemplo).

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

A quest principal é muito gostosa de aproveitar e o final reserva sua boa dose de reviravoltas, algo que aproveitei bastante e, muitas vezes, até recarreguei alguns saves para ver diferenças consideráveis com as minhas escolhas (mas o jogo reserva um New Game+, que não posso discutir e que possivelmente aguarda mais surpresas).

O fator replay de Starfield é realmente forte e encorajado, um excelente trato para quem gosta de realizar múltiplas aventuras.

E sem hipérboles, mas acho que uma das últimas missões da campanha ranquearam entre as melhores que já joguei em um RPG. Igualmente legais são seus companheiros da Constelação, todos com tramas e origens distintas e com missões pessoais bem prazerosas de acompanhar.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Pode esperar por até mesmo elementos que você não conseguiria imaginar, o que inclui mecânicas novas. Minha recomendação pessoal é que você se aventure com outras coisas, mas siga a campanha de Starfield até um certo ponto para aproveitar as novidades que vai ganhar por lá em atividades secundárias diversas.

Eu só achei a missão principal um pouco curta e barrigada no meio. É difícil distinguir entre as 80 horas de save, mas se tivesse que chutar, a campanha, ou seja, somente as quests obrigatórias, duraram cerca de 15 a 20 horas.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Mas honestamente? Não tem problemas, porque o Starfield reserva coisas ainda mais legais neste caminho e você provavelmente não vai sentir este aspecto negativo quando intercalar de forma mais orgânica com as sidequests. E, por falar nelas…

Sidequests? Parecem mais campanhas INCRÍVEIS

Entre todas as dezenas de atividades que Starfield oferece, acho que as missões secundárias foram, de longe, o que mais me surpreenderam positivamente. Eu já esperava algo de altíssima qualidade, mas posso opinar que, felizmente, elas foram ultrapassadas em muitos níveis.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Quer um exemplo? No começo da campanha, sem saber muito o que eu estava realizando de missões, acreditei que a questline da UC (União das Colônias) ERA a aventura principal. Esse é o nível de qualidade que Starfield oferece aos jogadores.

Há dezenas, centenas de missões para realizar e, aqui sim, é um sentimento gostoso de saber que cada prédio, cada loja, cada personagem com nome tem algo interessante para te oferecer. Novamente, gostaria de um mapa para ao menos saber como chegar nesses locais, mas pelo menos senti uma recompensa orgânica.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Claro, nem toda quest existente em Starfield é uma obra de arte, um verdadeiro livro de conteúdo, mas está tudo bem: é bom variar entre atividades leves, bobas, engraçadas e missões mais densas, cheias de reviravoltas e decisões impactantes que mudam o desenrolar da trama.

Quer ser um contrabandista? Ou um caçador de recompensas? E que tal só levar cargas de um lado para o outro? Talvez servir alguma facção seja seu objetivo? Tudo isso e mais um pouco está à sua disposição e é sempre extremamente divertido variar entre todo o leque de opções.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Achou pouco? E se eu te falar que os seus companheiros da Constelação podem servir para escolhas de diálogos? Que eles se lembram das suas respostas, puxam papo e podem até aprovar ou desgostar das suas ações, ocasionando em grandes amizades, romances ou até tratamentos hostis contra você (fica a dica: você pode deixar um companheiro esperando do lado de fora e evitar que ele ouça ou veja suas ações).

Eu honestamente acabei aproveitando mais meu tempo com as sidequests do que a campanha principal de Starfield, já que é aqui que o lado criativo da Bethesda mais aflora. Em algumas delas, por exemplo, você pode ler dossiês de personagens antes de abordá-los, causando uma espécie de “puzzle” para resolver da maneira mais adequada.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Outras habilidades também podem ajudá-lo nisso, das mais variadas possíveis, como segurança, culinária, geologia e mais: suas skills quase sempre têm outro valor passivo durante conversas.

Esse tipo de múltiplas abordagens é algo que me agrada muito e gostei de ver implementado aqui, por mais que não seja tão frequente quanto eu queria. Até a forma como você consegue a mesma quest pode variar, por incrível que pareça.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Durante o período de análise, conversei com o nosso querido Phoenix, que também soltou suas impressões no canal no Flow Games, e ele me relatou como conseguiu se infiltrar na Frota Escarlate (facção de piratas do jogo) de uma maneira completamente diferente da minha – e muito mais legal, por sinal.

Você vai encontrar conteúdos como esse em Starfield a rodo, seja no solo ou no espaço. Até o fato de você parar em um sistema e pairar sobre a órbita de um planeta pode render uma conversa com outra nave, encontrar um pedido de socorro ou outros tipos de interações bem legais e divertidas.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

É esse tipo de conteúdo que eu amei ver na minha jornada do começo ao fim, mas preciso reforçar: o game é muito vasto e, novamente, caí em uma estatística de que mais encontrei planetas genéricos e com conteúdo fraco do que essas atividades incríveis.

Se deparar com elas de uma forma menos frequente acaba tornando-as especiais, sim, mas eu sentiria que isso seria melhor se o conteúdo procedural não fosse tão ruim e eu estivesse aproveitando meu tempo com ele também em períodos intercalados.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Eu pousei por curiosidade em um planeta com chuva ácida, gastei meu tempo coletando minérios e encontrei um membro da UC caído, precisando de ajuda. Ofereci um medkit, mas ele me pediu para escoltá-lo até sua nave; andei por 2,2 km, com sobrepeso de carga, sem ganhar XP matando criaturas, pausando de tempos em tempos para recuperar oxigênio, para ele me agradecer e dar uma quantia ínfima de créditos.

Coisas como essa só parecem tempo perdido e nada edificantes à experiência de Starfield. A sensação que tenho é que muito esforço e tempo foram investidos nos sistemas errados.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Novamente, é bacana que existam quests “infinitas” e atividades diversas, mas nunca consegui aproveitar nenhuma delas, achei todas tediosas e chatas. Mas, se você gosta desse tipo de coisa, ao menos saiba que sempre terá algo para fazer em Starfield.

Jogabilidade familiar e sem grandes evoluções

O que seria de um jogo espacial sem uma boa dose de batalhas, não é mesmo? Não vou me prolongar muito nesta seção e é justamente um ponto que teço certas críticas: é difícil falar sobre o sistema de combate porque ele parece cumprir apenas um papel básico, carecendo de profundidade em muitos aspectos.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Ele não é ruim, só não é excepcional. Jogou Fallout 4? Não espere nada muito além disso em Starfield: um gunplay que passa de ano. Eu não me apego tanto a mecânicas de conflitos em jogos da Bethesda, o foco sempre é outro, mas também sinto pouquíssimas evoluções.

Tem suas armas legais aqui e ali, possibilidade de armas não letais às mais explosivas, armas corpo a corpo e nada muito diferente do que você está acostumado.

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Imagem: Flow Game/Vinicius Munhoz

Existem algumas novidades, claro, como certas granadas e minas de detonação diferentes, alguns rifles mais criativos e até certas coisas que não estou permitido a mencionar no review. Mas Starfield nunca se destaca aqui, nem quando, em raros momentos, enfrentamos algumas criaturas que podem agir como “chefes” – se é que podemos chamar assim.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

A inteligência artificial dos adversários de Starfield não guarda nenhum elogio também: simples, com comportamentos erráticos e até alguns bugs estranhos. Não foi incomum eu simplesmente andar, sem dar tiros, e todos os inimigos correrem para salas completamente aleatórias, até eu estar colado de frente em um oponente e ele sequer pensando em me atacar (em vez disso, atirando no vazio, onde meu companheiro se escondia).

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Assim como em Fallout e The Elder Scrolls, também temos à disposição diversos itens consumíveis que garantem não apenas recuperação de vida, mas alguns benefícios temporários bem legais (além de serem os responsáveis por tratar doenças quando você se expõe aos perigos da galáxia).

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Entre combates, você pode explorar para loot, realizar alguns hacks em computadores e armários (os digihacks, como são chamados, são muito confusos e complexos no começo, mas você pega o jeito), pegar arquivos e todo o ciclo de gameplay que estamos acostumados em jogos da Bethesda.

Eu joguei tudo na dificuldade Normal de Starfield e recomendo apimentar um pouco as coisas: tudo foi bastante fácil e sem desafios. Também não gostei muito da aleatoriedade de armários trancados, por vezes usei digihacks de desafio mestre (o mais avançado) e gastei muito tempo na solução para… ganhar medkit, um dos recursos mais abundantes da campanha.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

A progressão de skills foi outro ponto positivo que, no geral, acabei gostando bastante. Em vez de apostar nos atributos e perks horizontais como os de Fallout, a Bethesda mesclou a progressão de Skyrim dentro de uma árvore de habilidades mais vertical: você ganha XP e passa de nível, mas também precisa realizar atividades para aprimorar as skills escolhidas.

Pessoalmente, eu acho que caberia melhorias aqui, há algumas habilidades mal distribuídas e o sistema de progressão, muitas vezes, o força a aprimorar uma um ramo da árvore de habilidades que não quer apenas para pegar uma skill específica (acho que uma distribuição de pirâmide invertida seria melhor, mas não chega a ser uma falha grave também).

O que realmente me incomodou é que certas ações do jogo estão completamente travadas até você usar um ponto de habilidades: usar jetpacks, ter um medidor de furtividade, poder roubar, hackear e até usar certos sistemas da nave são bloqueados ao menos que você o libere. A impressão que passa é que, diversos pequenos defeitos existem e para melhorar a qualidade de vida, é necessário gastar pontos onde não quer.

Naves: ame ou odeie, mas há potencial

Um elemento que outros títulos da Bethesda não tiveram, mas Starfield tem, é essa nova camada de “veículo”. A sua nave pode ser muitas coisas: o seu meio de transporte, a sua ferramenta para levar carga, a sua casa e até uma verdadeira fortaleza pronta para enfrentar qualquer batalha.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

É muito claro que houve um esforço bem grande para que o sistema de personalização de nave existisse, garantindo múltiplas camadas de complexidade que, se você investir o tempo devido, ele se paga. Há armas diferentes, cabines distintas, alojamentos dos mais variados, diversas peças para cargas (incluindo cargas ocultas para contrabando) e o que você puder imaginar, garantindo verdadeiros colossos flutuantes.

É realmente um editor robusto e cheio de mecânicas para experimentar, mas o que ele tem de complexo, tem de confuso também, mas abordarei isso em outro tópico. A realidade é que o loop de gameplay espacial começa fraco, mas reserva sua boa dose de diversão se você se aprofundar nele.

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Imagem: Flow Game/Vinicius Munhoz

Eu achei extremamente imersivo o gerenciamento de energia do cockpit, os sistemas de trava de miras, as manobras e dogfights entre você e outras tripulações, acoplagens em naves rendidas e muito mais. Contudo, como quase tudo em Starfield, essas coisas só existem se você for atrás e se interessar.

No fim do dia, eu desisti de montar minha própria nave, mas devo confessar que gastei a minha cota de incursões espaciais atrás de oponentes sempre que pude.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Starfield é o jogo mais polido da Bethesda?

*Aviso: a maior parte das 80 horas de gameplay deste review foi jogada antes do primeiro update de correção e, possivelmente, diversos problemas já estejam solucionados.

Há algum tempo, a Bethesda e o próprio Phil Spencer asseguraram que praticamente todos os funcionários da divisão Xbox estavam bastante focados em polir a experiência ao máximo e entregar o jogo mais redondo que a companhia já fez. E isso se concretizou? Olha… sim, mas convenhamos que o nível era baixo.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Não me entenda errado, Starfield é realmente bem polido em muitos aspectos, mas não pense que sua experiência estará livre de bugs, dos mais simples aos mais graves. E, em segundo lugar, saiba que neste aspecto é mais uma curiosidade do que um julgamento. Mesmo nos problemas maiores, não há nada que seja incorrigível, inclusive em algum patch já por volta da estreia.

O mais importante é que ele não está quebrado. Muito longe disso. Mas é impossível não passar horas sem ver bugs constantes. Pode nomear qualquer um, eu provavelmente vi. Personagens carecas? Isso foi 80% do meu tempo em Nova Atlântida. Companheiros travados ou flutuando, NPCs sem mãos, bonecos invisíveis, cabeças voadoras, a lista é grande.

Eu só fiquei chateado de experimentar esses problemas antes de uma oportunidade de correção. Os momentos mais dramáticos da trama de Starfield continham companheiros voando para dentro de paredes, fugindo da câmera, carecas, planando e da forma mais louca que você pode imaginar, algo que tirou o impacto dessas cenas. Felizmente, você provavelmente não passará por isso.

No fim do dia, a grande parte dos bugs foi visual ou alguma mecânica que não me atrapalhou muito. Os mais incômodos foram os companheiros travados em escadas, oscilando em diálogos, inimigos atravessando paredes e me atacando ou coisas como essa, mas também encontrei minha dose mais severa.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

E vou confessar que fiquei levemente preocupado, pois o primeiro deles foi com menos de 2h de campanha: o NPC que eu deveria conversar não iniciava uma conversa e, por sorte, era um pirata que eu poderia resolver atacando e encerrando o assunto de vez. Em outros momentos, quests não completavam, por exemplo.

Outro que permeou mais de 60 horas da minha aventura foi um bug de interface: ativar legendas grandes impediu que eu visse os tipos de munições que minhas armas usam, algo que só descobri próximo do fim da campanha.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Contudo, parece que ao menos uma boa parte deles foi corrigido antes do lançamento. É impossível dizer que todos foram, já que não tenho mais 80 horas de teste até a publicação desse review, mas senti uma boa melhoria (mas ainda há bastante deles por aí).

Starfield não é lindo, é uma obra de arte

É bem comum ouvir a frase “gráficos não são tudo em um jogo”. De fato, isso é verdade. Contudo, eu não consigo pensar o que seria da minha experiência em Starfield se ele não tivesse visuais de ponta tão incríveis. Pode anotar: você está olhando para um dos games mais bonitos dessa geração.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Antes de mais nada, preciso avisar que joguei no PC e não sei como está a experiência no Xbox Series X|S, mas, segundo conversei com algumas pessoas, os gráficos aparentemente estão belíssimos por lá e com uma performance estável – mas isso não é algo que posso confirmar para você neste momento.

Porém, mesmo jogando no computador, eu acho que finalmente compreendi o motivo para o jogo rodar em 30 fps nos consoles de mesa. Se para ter uma performance melhor era necessário perder o sistema de iluminação global do game, isso seria um pecado. Os detalhes e tecnologias de ponta são fundamentais para a imersão.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Poucas vezes fiquei tão deslumbrado quanto ao ver Nova Atlântida pela primeira vez com seus prédios enormes, ou ver Neon City em um planeta chuvoso e com apenas água por todos os cantos. E a vibe de Velho Oeste de Akila, que traz uma sensação desolada e ao mesmo tempo moderna?

Tudo isso somado à direção de arte fantástica da Bethesda e você tem em mãos um dos títulos mais legais de contemplar da atualidade. Nada, absolutamente nada, deixa a desejar. E, para completar essa experiência audiovisual, a sonoplastia dos efeitos e a trilha sonora são invejáveis. Neste quesito, Starfield é uma obra completa.

Absolutamente tudo reage à luz de forma realista, todos os objetos foram modelados com um trabalho espetacular, a luz indireta do crepúsculo de um planeta consegue sombrear a superfície de uma lua de uma forma que eu nunca vi antes. De verdade, não há nenhum defeito visual por aqui. Bom, na verdade, um.

As expressões faciais estão melhores em relação ao passado, mas continuam falhando gravemente em expressar sentimentos. As vozes americanas são excelentes e chega a ser triste ver a performance na tela nunca entregar esse grande esforço dos dubladores.

“Mas são centenas de NPCs, é impossível ter capturas de movimento”. Olha, eu entendo a justificativa e acho muito plausível se esse for um argumento contra às minhas impressões. Porém, vale lembrar que Baldur’s Gate 3, um game com orçamento e equipe muito inferiores fez justamente isso. Só dizendo.

Por fim, vale citar que existem muitos loadings em Starfield. Muitos. Mas felizmente eles são bem rápidos e, em alguns casos, atuam apenas como viagem rápida. Apesar de você ter que pegar o trem em Nova Atlântida para se movimentar, a realidade é a cidade toda é conectada quando vista de cima, algo que eu não esperava acontecer.

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Imagem: Flow Game/Vinicius Munhoz

Uma leve pausa para falar de Starfield no PC

Se você é um jogador ávido de PC, eu gostaria de compartilhar algumas breves impressões sobre a experiência de Starfield na plataforma. No geral, pode ficar tranquilo, a otimização é relativamente boa, mas tive minha dose de problemas e reclamações. Para registro, meu computador tem uma GeForce RTX 4090, um i7 13700K e 32 GB de RAM DDR5.

Apesar de jogar em um setup de ponta com tudo no Ultra, eu senti que foi o limite para rodar em 4K e 60 fps ou 1440p e na média dos 100 fps. Minha impressão é que o jogo escala de uma maneira muito pesada para cima e muito boa para baixo, então é uma ótima notícia para PCs mais modestos.

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Imagem: Flow Game/Vinicius Munhoz

Entretanto, não gostei da implementação do FSR e acabei deixando de lado: em vez de oferecer modos de Qualidade, Equilibrado e Performance, você deve ajustar na mão a escala de resolução dinâmica em porcentagem (e não gostei muito do resultado de upscaling, acabei não utilizando). Garanto que o DLSS faz uma falta considerável por aqui e é uma pena que exista essa política de exclusividade da AMD.

Outros problemas que títulos de PC recentes compartilham retornam aqui: não há um modo tela cheia, é ruim mudar a resolução interna, as configurações gráficas não revelam qual componente mais impactam, não há uma imagem de preview para mostrar na prática o que alteram e por aí vai.

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Imagem: Flow Game/Vinicius Munhoz

E, ao que parece, algumas áreas são extremamente pesadas tanto para a GPU quanto para a CPU. Em alguns pontos específicos de Nova Atlântida, por exemplo, mesmo em 1440p eu estava com performance levemente abaixo dos 60 fps (a entrada de Akila City compartilha desta dificuldade). A parte boa é que o primeiro update de Starfield ajudou a melhorar a performance significativamente.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Há alguns engasgos aqui e ali, especialmente na hora de salvar, ativar o escâner ou até trocar de armas, mas não sei dizer ao certo o que pode estar causando isso. Felizmente, pode ficar tranquilo que há compilação de shaders antes de começar a campanha e esse não deve ser um ponto técnico que vai assombrá-lo.

Também conversei com algumas pessoas que jogaram Starfield no PC e, surpreendentemente, uma amiga conseguiu rodar em 1080p, no Médio, com média de 40 fps, e com um hardware abaixo das configurações mínimas. Portanto, relaxe e se aventure no game, mesmo que tenha um hardware mais antigo – só recomendo que fuce bastante nas opções até achar uma configuração que agrade.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Houston, temos um problema…

Bom, aqui vai um aviso: provavelmente essas reclamações poderão ser corrigidas com guias na internet e com mais informações disponíveis, mas são pontos que considero graves falhas de game design e até decisões estranhas. A Bethesda simplesmente não soube vender o peixe de Starfield – prometo que é mais um apontamento do que um grande peso.

Há muitos sistemas e mecânicas atuando paralelamente dentro da experiência, mas você terá quase zero tutoriais ou ajuda na sua jornada. Eu realmente espero que você consiga se divertir com entrepostos, criação de naves, decorações e outros elementos: desejo uma boa sorte, porque eu quase desisti.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Acho que a grande falha aqui é que o game quase nunca te apresenta nada ou simplesmente mostra mensagens curtas, simples e sem grandes explicações nos momentos errados. Eu já joguei inúmeros RPGs, zerei duas vezes Fallout 3, passei mais de uma centena de horas em Fallout New Vegas, me aventurei por Skyrim por um bom tempo, mas nunca me senti tão burro em um jogo.

Falo isso abertamente, pois nunca encontrei tantas dificuldades em saber coisas tão básicas, mesmo em títulos complexos. Logo no início de Starfield, um NPC se ofereceu para entrar na minha tripulação por 3500 créditos e aceitei. E agora? Ele estava na minha nave, mas o que ele faz? Eu pago um salário? Foi um pagamento único? Eu simplesmente não tenho ideia (bom, descobri dezenas de horas depois, mas não naquele momento).

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Imagem: Flow Game/Vinicius Munhoz

Entrepostos? Simplesmente nunca soube que existiam – eu vi o Starfield Direct e sei que existem, mas não pelo jogo – ou para que servem. Novamente, eventualmente me esforcei para encontrar e entendi, mas com muito custo. Como achar meu entreposto? Também não sei, mas eventualmente descobri um ícone diferente.

E mal falei da construção de naves. Em certo momento, gostaria apenas de ter mais carga para armazenar meus itens e instalei um módulo extra, o que deixou meu veículo pesado; para corrigir, precisava de um motor mais forte e, após instalá-lo, não havia energia suficiente, sendo necessário instalar um reator. Porém, muito se engana que acaba aí: o peso aumentou com tudo isso e era obrigatório um novo motor de dobra de gravidade, que, consequentemente, pesou mais a nave.

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Imagem: Flow Game/Vinicius Munhoz

É uma bola de neve sem fim e, na maioria das vezes, apenas desisti de tentar. Em vez de me ajudar, incentivar ou me proporcionar bons momentos, eu sentia que eu estava em uma luta constanta contra Starfield.

Sabe a solução mais fácil? Comprar uma outra nave, já que créditos são bem abundantes em Starfield. Problemas como esse se repetiram continuamente durante minha jornada e achei bem desencorajador tentar qualquer coisa fora das quests.

Não me entenda mal, eu tenho verdadeira aversão por títulos que interrompem o gameplay a todo instante com mensagens de tutoriais e sempre prezo pelo game design de altíssima qualidade: o que te ensina na prática sem você perceber. Zelda faz isso no começo da aventura com um playground de experimentos para o Ultrahand e Fuse, Half-Life 2 é uma verdadeira aula!

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Mas a Bethesda não faz nenhum dos dois casos na maioria das vezes dentro de Starfield. Existem portas que podem ser abertas com o talhador e você nunca saber disso, há atributos nas suas roupas e armas que você simplesmente não sabe o que significam as siglas, muitos menus dentro de menus com atalhos não aparentes ou bastante confusos.

Até as viagens são mal explicadas: dobra gravitacional e combustível são elementos importantes, mas para que? Eventualmente você não conseguirá ir para um sistema por não ter a quantia máxima de combustível, mas vai alcançar de qualquer forma se fizer uma pausa em um sistema mais próximo, que reabastece sua nave automaticamente (como, eu não sei), gerando apenas uma tela de loading adicional.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Por que explicar tudo tão certinho para a pilotagem de naves, mas simplesmente ignorar tratos como entrepostos (até é explicado de forma extremamente rasa nos primeiros minutos, mas é algo que você vai testar dezenas de horas depois), tripulação da nave e funções da sua casa?

Não é brincadeira, eu só soube o que era “LY” da nave na penúltima missão da campanha de Starfield, quando o game para detalhar ao jogador por uma obrigatoriedade.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Eu não acho que essas coisas foram intencionais em Starfield, eu acho que faltaram playtests que tivessem feedback. Se existem alguns tutoriais tão aos moldes da Bethesda para certas mecânicas, com direito a pause e mensagens detalhadas, por que não explicar outros? Não pode ser por querer.

Quer um exemplo bom? Em uma missão em Titã, satélite de Saturno, peguei uma missão que envolvia derreter gelo com laser: tudo bem explicado e, na frente do jogador, diversos talhadores na mesa para caso tenha vendido o seu inicial. Simples, intuitivo e sem pegar na mão do jogador. Starfield precisava de muitos outros exemplos como esse.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Esse é um erro bem chato e que chega a ser irônico em Starfield: ao oferecer muita liberdade desde o começo, o game acaba falhando em apresentar coisas que os jogadores podem aproveitar e eventualmente gostar bastante. A campanha deveria ter algumas missões principais que introduzissem esses elementos de gameplay. Afinal, como eu vou saber se gosto de um sistema se eu sequer sei que ele existe?

Há uma luz no fim do túnel, no entanto: você pode consultar o menu de ajuda na tela de pause do título (que ele também não avisa que existe, diga-se de passagem), mas se prepare para uma boa dose de leitura.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Craft trabalhoso e, muitas vezes, pouco recompensador

O que seria de um grande RPG sem mecânicas de craft, não é mesmo? Starfield não está de fora nessa, mas, assim como diversas mecânicas até aqui, ele também sua dose de desafios, confusões e complexidades. Novamente, para quem quiser se aprofundar, talvez haja uma dose de diversão, mas essa jornada pode ser frustrante.

Diversos itens de fabricação estão bloqueados por habilidades, outros elementos precisam ser manufaturados em uma bancada específica, enquanto os demais podem ser comprados ou encontrados em planetas. Os vendedores têm catálogo fixo ou variado? Quais itens precisam ser criados para a produção de mods de armas e quais são materiais brutos?

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Imagem: Flow Game/Vinicius Munhoz

Em dado momento, eu precisava de alumínio para construir entrepostos, que também servem para coletar recursos e produzir itens mais avançados. Eu havia visitado 70 planetas e escaneado uma centena deles, tarefa fácil: basta olhar aqui no meu códex e… não existe um codex.

Não é brincadeira, você precisa clicar em planeta por planeta, satélite por satélite, até achar algum que ofereça o que você busca, mesmo já visto anteriormente em algum lugar (preciso lembrar que existem mais de 1 mil planetas?). São sistemas frustrantes e demasiadamente burocráticos, faltam qualidades de vida aqui tornarem esses sistemas mais prazerosos.

É possível rastrear os materiais que você precisa para construir em Starfield, mas não há um mapa ou guia que indique onde eles estejam, mesmo que você já tenha encontrado no passado. Eu acho que uma solução simples seria uma tabela periódica que indicasse em quais regiões já exploradas eles estão. Simples e prático.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

No fim, a forma mais adequada (e, pessoalmente, achei tão eficiente quanto) foi comprar ou encontrar armas, armaduras e consumíveis durante a campanha DE sTARFIELD sem nenhum contraponto. Na verdade, me pareceu mais benéfico, já que o loot não parece ser um grande incentivo.

O inventário enche rapidamente, tanto o seu quanto o de seu companheiro, e sua nave também pode ficar abarrotada em poucos minutos, especialmente no início da campanha, que você não sabe reconhecer o que vale a pena ser coletado nem tem grande capacidade de armazenamento.

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Imagem: Flow Game/Vinicius Munhoz

Se é mais fácil só comprar ou encontrar as coisas, acabei achando uma mecânica bastante subaproveitada e trabalhosa, mesmo para quem investir um tempo. É um ciclo vicioso que não traz atrativos, na minha opinião. Contudo, novamente, talvez exista um verdadeiro parque de diversões para os aficionados aqui.

Não confiem nos reviews: Starfield vale a pena!

Foi um texto longo, eu sei. Se você leu até aqui, você tem meu agradecimento, porque não foi uma análise fácil. Talvez eu não tivesse um desafio tão grande em expressar opiniões sobre uma experiência desde Death Stranding, um game completamente fora da caixinha – e assim, como ele, Starfield pode ser um jogo divisivo.

Sei que parece ter muito mais pontos negativos do que positivos, mas é uma falsa impressão: apenas demanda mais tempo explicar o que é ruim do que é bom. Ao final das minhas considerações, eu acho que as qualidades, em grande parte, ofuscam os defeitos.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Starfield é… enorme. Muito enorme. Massivo, gigantesco, colossal, megalomaníaco. Beira o impossível quantificar uma nota que represente tudo que eu senti e experimentei. Há muitas e muitas coisas opcionais, diversas delas não me apeteceram, outras muitas eu detestei: é justo colocar na balança um peso que talvez não seja para mim? Foi minha experiência pessoal ou uma falta de guias que ocasionou em alguns desgostos?

Existe um universo inteiro para cada um dentro de Starfield de tão vasto que ele é e, o que pode ser um grande ponto negativo, também serve de redenção: você pode seguir o que achar melhor e, na medida do possível (mas não tudo), explorar o que for mais conveniente ou divertido para você. Não confie nas notas 10, não confie nas notas 8, jogue!

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Ao longo de 80 horas, minha experiência foi muito inconsistente: o que eu gostei, eu amei mais que tudo, o que eu detestei, eu odiei de verdade, sem meias palavras. Ao mesmo tempo que há evolução no DNA da Bethesda, também parece ser uma fórmula que estacionou no tempo, é difícil expressar sem jogar.

Houve dias que eu joguei e tudo que vi foi incrível, jogando horas a fio, querendo descobrir do micro ao macro, do motivo pelo qual meu companheiro tem problemas com a filha até o significado do universo em Starfield.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

E houve dias que eu simplesmente não via a hora de acabar logo de jogar e encerrar o review de vez, tamanha frustração que sistemas mal explicados, explorações genéricas e falta de intuitividade causam em elementos que deveriam ser básicos. Por momentos, parecia que eu não estava jogando, eu estava lutando contra o jogo para tentar fazer algo simples.

A parte boa é que, ao fim do game, quando vi todos os sistemas e resolvi focar apenas nas quests, elementos que mais adorei, foi inacreditavelmente bom e elevou minha experiência entre as melhores coisas que já joguei. Como combinar tudo isso em um veredito é complicado.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Eu pensei em dar nota 9,5 pelas quests, mas lembrei dos defeitos e considerei 8. Porém… lembrei de outras coisas legais e subiu para 9; enquanto eu escrevia esse exato parágrafo, parece que 8,5 fazia mais sentido e… bom, você entendeu, vou até parar antes que mude de novo: há tanta coisa aqui, tantos elementos subjetivos, que pela primeira vez quantificar uma experiência pareceu um obstáculo que não consigo passar.

Você pode achar que Starfield é só mais um jogo da Bethesda, que sabe o que esperar, mas não sabe. Há muito para se aventurar aqui e a realidade é que, quanto mais você se entrega ao título, mais ele pode te oferecer. Considerando que ele será um lançamento do Game Pass, simplesmente não há motivos para você não dar uma chance e experimentar o que cabe melhor para você.

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Imagem: Flow Games/Vinicius Munhoz

Starfield foi a primeira IP da Bethesda em quase 30 anos e, no fim das contas, não é grave que haja problemas por aqui: talvez um Starfield 2 melhore tudo e mais um pouco, talvez o feedback dos fãs ajude a transformar a experiência como vimos muitas vezes no passado em outros títulos.

Starfield é um jogo peculiar, mas cabe a você extrair o que há de melhor.

Starfield foi gentilmente cedido pela Bethesda para a realização desta análise.


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