Como Fernando Diniz antecipou em sua última coletiva antes de estrear no comando, a seleção usaria muito do mecanismo da “era Tite”. Mas, ainda assim, foi possível perceber a tentativa dos jogadores de aderir ao conceito do novo treinador. Do agrupamento em um lado do campo para as viradas de bola repentinas à marcação no campo adversário, a atuação dos brasileiros deixou ótima impressão.
Pontuação à parte, foi importante ter estreado nas Eliminatórias para a Copa de 2026 com esta goleada sobre a Bolívia, em Belém. Não é parâmetro para nada, sabemos. Mas, como nos ensinou o português Luís Castro, “os bons resultados compram” tempo de trabalho. E não foi um 5 a 1 protocolar. Acolhidos com afeto, Neymar & cia brindaram os torcedores com um futebol alegre e insinuante.

Sendo assim, a seleção agora sob o comando de Fernando Diniz fez o que dela se esperava: distribuiu simpatia nos contatos com os paraenses, viu que as feridas do último Mundial já cicatrizaram e exibiu-se em um gramado brasileiro com a galhardia de quem veste a camisa cinco vezes campeão do mundo. As principais forças iniciaram as Eliminatórias com vitória, mas só o Brasil fez cinco gols.

Raphinha, um dos destaques, abriu na direita, Neymar e Rodrygo se alternaram na ocupação dos espaços da esquerda para o meio, os laterais se ofereceram para a dobra, e os volantes pisaram na área. Richarlison pareceu perdido com a movimentação dos parceiros de ataque, mas há de se levar em consideração o início do trabalho com Diniz – e os cinco jogos feitos até agora na Premier League.

O time se impôs sobre um oponente que se fechou no campo de defesa e não conseguiu trocar sequer dois passes por minuto, em média – 156 em 90. O sistema defensivo acabou não sendo testado. Mas foi possível perceber que há o que se acertar, ainda que a nova proposta de jogo aceite o risco. Os bolivianos finalizaram três vezes no gol e uma entrou. Vejamos como o Brasil se sai como visitante…

As seleções nacionais existem para dar aos torcedores a oportunidade de se confraternizarem, ainda que separados por paixão clubística. E visto por essa ótica não se pede mais do que empatia dos jogadores e compromisso com a arte do jogo. As vitórias, os títulos e os momentos marcantes vêm dessa combinação. E se não vierem, ao menos terão deixado na memória afetiva o gosto pelo futebol…