O Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgou nesta quinta-feira (28) os 12 jogadores denunciados por manipulação de resultados no futebol brasileiro. As punições são consequências da Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás (MP-GO). (Confira as punições abaixo)
A sessão começou às 15h e durou quase seis horas. As defesas pediram, em resumo, que o tribunal mantivesse as penas dos atletas, que iam de 360 a 720 dias, e multas que iam de R$ 30 mil a R$ 70 mil.
Os atletas julgados na sessão foram: Diego Porfírio, Bryan García, Nino Paraíba, Vitor Mendes, Dadá Belmonte, Thonny Anderson, Jesús Trindade, Pedrinho, Sidcley, Alef Manga, Igor Cariús e Sávio Alves.
O advogado de Alef Manga, Dr. Levy Monteiro, lembrou que o atacante do Coritiba confessou sua participação no esquema.
“Além de ser primário, ter confessado, o Alef forneceu elementos concretos para que a procuradoria fizesse seu recurso. O atleta vai assumir a responsabilidade perante ao Ministério Público, vai ter que ficar suspenso, ainda que demore um tempo, fora do país, mas a Fifa está fazendo”, disse em sua explanação de 20 minutos.
Fifa já baniu atletas
No último dia 11 de setembro, aFifa divulgou o banimento de três jogadores brasileiros por envolvimento em esquema de manipulação de resultados no futebol: Ygor Catatau, Matheus Gomes e Gabriel Tota foram banidos do futebol profissional pela Fifa.
Além disso, a entidade que rege o futebol mundial ampliou para o mundo todo as penas de suspensão para atletas envolvidos em escândalos de apostas no Brasil.
Os jogadores com penas ampliadas ainda podem recorrer da decisão. Eles podem acionar o Tribunal Arbitral do Esporte, no entanto, o caso é considerado robusto e as chances de reversão são mínimas.
As defesas
Veja, abaixo, alguns trechos das defesas dos jogadores.
– Dr. André Oliveira, advogado do volante equatoriano Bryan García (ex-Athletico e atual Independiente del Valle)
“O Bryan, um atleta estrangeiro, foi cooptado por esse esquema, se submeteu, de fato, tomou um cartão amarelo, confessou ao MP e fez acordo de não persecução penal, e já fez um pagamento de uma quantia vultosa. A multa já é suficiente e acompanhada de suspensão severa de um ano”.
– Dr. André Oliveira, advogado do lateral-esquerdo Pedrinho (ex-Athletico e atual Shakhtar Donetsk)
“Eu coloco o Clebinho (Fera) também como um dos manipuladores, porque são tudo farinha do mesmo saco. O Clebinho, ele tinha uma relação com os jogadores do Athletico. É um cara que fica ali no CT (do Caju), e faz tudo pra todo mundo. O cara que fica na beira do campo, ‘precisa do que, vai pra balada? Te arrumo ingresso pra show, levo seu filho pra escola’. Ele tinha conexão, sim, com os jogadores, ele frequentava o CT. E era muito fácil vender essa pessoas, como de fato vendeu, e não só o Pedrinho. O mais curioso, ele prestou depoimento na comissão, disse que encontrou o Pedrinho, foi tomar café perto do CT, falou que estava meio lesionado, depois o jogo era fora, e talvez ele fosse tomar um amarelo, para pegar o terceiro e ser poupado da partida seguinte. ‘Eu peguei isso, fui nos caras, falei que estava tudo certo’. Só que o Pedrinho não sabia de nada. O Clebinho confessou em depoimento. ‘Eu vendi, tive informação privilegiada e vendi o menino’. Não peço que atestem a inocência do Pedrinho, mas se há prova que ele é culpado”.
–Dr. Levy Monteiro, advogado do atacante Alef Manga (jogador do Coritiba emprestado ao Pafos, do Chipre)
“No caso do Alef, além de ser primário, além de ter confessado e ter fornecido elementos concretos para que a procuradoria fizesse seu recurso, entende a defesa, pelo desprovimento do recurso voluntário, e que seja prestigiado a sentença de primeiro grau, que foi unânime e justa ao caso. A multa que os senhores querem avaliar, a Pocuradoria não traz nenhuma prova que justifique o aumento de pena. O atleta vai assumir a responsabilidade perante ao Ministério Público, vai ter que ficar suspenso, ainda que demore um tempo, fora do país, mas a Fifa está fazendo. A multa e a pena são suficientes. E é papel do tribunal criar mecanismos para que esses atletas possam ser ressocializados.Todos estão confessando participação, estão arrependidos. Entendo que (a multa) deve ser mantida”.
Confira como ficaram as penas para os jogadores
Nino Paraíba, atleta do Paysandu, aumenta para 720 dias de suspensão e aumenta multa para R$ 100 mil;
Bryan García, atleta do Independiente del Valle e ex-Athletico, mantida a suspensão de 360 dias e aumentada multa para R$ 50 mil;
Diego Porfírio, atleta do Desportivo Aliança-AL; eliminação do futebol e aumentada multa para R$ 60 mil;
Alef Manga, atleta do Coritiba (emprestado ao Pafos, do Chipre); mantidos 360 dias de suspensão e aumentou multa de R$ 30 mil para R$ 50 mil;
Vitor Mendes, atleta do Atlético-MG; 430 dias e R$ 40 mil no artigo 243, ficando absorvido o artigo 191,III;
Sávio Alves, atleta que teve como último clube no Brasil o Goiás-GO; mantidos 360 dias de suspensão e mantida multa de R$ 30 mil;
Thonny Anderson, atleta do ABC-RN; mantida a multa de R$ 40 mil;
Dadá Belmonte, atleta do América-MG; mantida a suspensão de 720 dias; multa mantida em R$ 70 mil;
Igor Cariús, atleta do Sport, mantida suspensão de 540 dias e diminui multa para R$ 40 mil;
Sidcley, ex-Cuiabá, absolvido;
Jesús Trindade, ex-Coritiba, absolvido;
Pedrinho, ex-Athletico, absolvido;
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