Tecnologia com empatia no RH do futuro


Tecnologia com empatia: o novo equilíbrio que define o RH do futuro

Na gestão de pessoas, o avanço das tecnologias e da análise de dados abriu uma nova era de possibilidades de gerenciamento do capital humano. Contudo, junto com essas oportunidades, emergiu um desafio silencioso e urgente: garantir que o RH equilibre tecnologia com empatia, evitando que se torne uma área excessivamente técnica, pautada apenas por indicadores e desconectada da realidade viva das pessoas.

Com a crescente adoção de ferramentas de People Analytics (metodologia que utiliza dados para compreender e otimizar a gestão de pessoas nas empresas), Inteligência Artificial (IA) e modelos estatísticos, é fácil cair na armadilha de enxergar colaboradores apenas como números em uma planilha. Quando isso acontece, perde-se o vínculo, o contexto e a singularidade de cada equipe, parte essencial desse processo. E o maior risco, na verdade, não é usar dados demais, mas operá-los sem sensibilidade.

A solução, portanto, está no equilíbrio. O futuro do RH não será tecnicista mas, sim, híbrido. O setor deve combinar algoritmos com afeto, previsões com escuta ativa e dashboards com conversas significativas. Ou seja, um RH que enxerga padrões sem ignorar histórias.

E essa abordagem já vem mostrando resultados. De acordo com uma pesquisa do MIT Sloan Management Review, revista e editora multiplataforma, 82% das empresas que usam dados para embasar decisões de RH relataram melhorias significativas na performance de suas equipes. Isso confirma que o uso inteligente da informação potencializa a atuação da área, desde que os dados sejam interpretados com empatia e traduzidos em ações concretas, voltadas para o bem-estar e o engajamento das pessoas.

Ao utilizar, ferramentas como IA Generativa (GenAI) e BI (Business Intelligence), software ou aplicação que ajuda coletar, processar, analisar e visualizar dados, é possível cruzar informações estruturadas e não estruturadas, como pesquisas de pulso, feedbacks abertos e avaliações qualitativas. Além disso, esses sistemas auxiliam os profissionais a gerarem insights mais profundos sobre o comportamento organizacional.

Na prática, o RH preditivo deve atuar de forma estratégica e antecipatória, utilizando indicadores como turnover (taxa de rotatividade de funcionários em uma empresa), absenteísmo, produtividade e clima organizacional para identificar riscos e agir antes que os problemas apareçam.

Por exemplo, se um grupo apresenta queda no eNPS (Employee Net Promoter Score), métrica que mede a satisfação e a lealdade dos funcionários em relação à empresa, ou se há um aumento na rotatividade nos últimos trimestres, há um grande sinal de alerta para os gestores, abrindo espaço ao modelo preditivo.

Nesses casos, o protagonismo dessa ação permite ao RH sair do modo reativo e assumir uma posição mais proativa, cocriando soluções com as lideranças e promovendo intervenções mais precisas e personalizadas. A personalização, aliás, é uma tendência clara de que cada time possui uma realidade distinta, e decisões assertivas nascem da compreensão dessas diferenças.

Além disso, métricas como tempo para produtividade, custo por contratação, experiência do colaborador , diversidade e inclusão ganham protagonismo nas ações corporativas. No entanto, nenhuma métrica vale por si só, uma vez que o valor está na leitura crítica dos dados e na capacidade de conectar esses indicadores às narrativas humanas.

A IA, portanto, pode sugerir o ‘caminho’. Mas é a inteligência emocional que define essa direção. O RH do futuro será construído por quem souber usar a tecnologia como ferramenta, não como fim. E esse futuro não é distante. Ele está em construção agora, pelas mãos de quem escolhe unir precisão e empatia na mesma decisão.

Tecnologia com empatia_foto do autor

Por Alexandre Fleury, diretor de pessoas na Ábaco Consulting, boutique consultiva de negócios focada em gestão e parceira da SAP.




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