Laboratório de inovação FabLab aproxima jovens da área rural ao que há de mais moderno
Impressoras 3D, óculos de realidade virtual, máquina de corte a laser, tablets, computadores, kits Lego e robôs em movimento. Para os nativos digitais, esse é o cenário dos sonhos. Para os alunos do Fabrication Laboratory (FabLab), o laboratório de inovação do Instituto Ramacrisna, em Betim, na região metropolitana de BH, é uma realidade, e ela contrasta com a região em que a instituição está instalada: o bairro Santo Afonso, uma área rural da cidade, afastada do centro e dos clichês urbanos. A proposta por lá, aliás, é justamente dar oportunidade a quem não se enquadra no perfil óbvio. “Colocar o público atendido em contato com essa tecnologia é muito importante pra gente porque jamais poderíamos imaginar que íamos oportunizar isso a essas pessoas”, destaca a coordenadora de projetos do Ramacrisna, Aline Fauez, ressaltando que o foco do instituto são os moradores das comunidades do entorno que vivem em situação de vulnerabilidade social.
Atualmente, cerca de 300 jovens participam dos cursos gratuitos do FabLab, que oferece aulas de robótica, programação, impressão 3D e AutoCAD (um software utilizado na elaboração de desenhos técnicos em duas dimensões e também na criação de modelos tridimensionais, sobretudo nos projetos de design gráfico). Um dos destaques do laboratório é o curso de programação Meninas em Rede, exclusivo para o público feminino. A proposta, nesse caso, é atrair mais mulheres para um segmento antes predominado por homens. “Esse curso começou como um projeto para o Criança Esperança e deu tão certo que continuou. Teve demanda e aceitação”, afirma a analista de projetos da instituição, Luciana Leite. “Nosso objetivo é ampliar os horizontes para um público que teria poucas oportunidades. Estamos em uma área afastada, mas conseguimos aproximar os alunos da tecnologia, bem como promover a interação com o que eles aprendem na escola”, completa a analista de projetos.
De ponta
Ao mesmo tempo em que oferece a crianças e adolescentes formação e qualificação profissional tecnológica, o Ramacrisna atende uma demanda do mercado de trabalho por profissionais qualificados. Fluentes nessa linguagem por natureza, muitos precisam apenas da oportunidade de se especializarem. O coordenador do FabLab, Fábio Marques, destaca que o instituto foi pioneiro ao trazer uma tecnologia tão avançada para o município. “Nossa equipe de professores é toda composta por ex-alunos. Isso mostra a extrema importância dessa iniciativa, que coloca os jovens em contato com tantos recursos tecnológicos. A nossa região é muito carente, e, aqui, damos a eles esse acesso”, pontua o coordenador, sem esconder o orgulho dos aprendizes. “Isso aqui é um celeiro de talentos”, reforça Marques.
Jeniffer Marinho, de 18 anos, faz parte desse grupo. Em setembro do ano passado, ela ingressou no curso Meninas em Rede. Depois, fez todos os outros cursos do FabLab. Ela tomou tanto gosto pela área que partiu para a graduação em análises e desenvolvimento em sistemas, e, agora, é estagiária no laboratório. “Hoje, eu dou aula e ensino aqui tudo o que eu aprendi. Foi uma oportunidade gigantesca”, garante.
Instituto já beneficiou 2 milhões
O Instituto Ramacrisna é uma instituição social sem fins lucrativos sem vínculos religiosos ou partidários, fundada em 1959 pelo contador e jornalista Arlindo Corrêa da Silva. Atualmente, o Ramacrisna atua em 13 municípios da região metropolitana desenvolvendo projetos sociais. Em 64 anos, 2.025.482 pessoas foram beneficiadas por eles. “Temos aqui, no instituto, equipamentos moderníssimos, de última geração, e professores bem qualificados para promover a educação e a inserção digital nesse mundo que não é o futuro, mas o agora”, diz a vice-presidente do Ramacrisna, Solange Bottaro.
Os cursos ministrados no instituto são destinados a uma faixa etária ampla: desde crianças a partir de 6 anos até adultos de 30. As inscrições devem ser feitas pelo site.
Unidade é referência no segmento
O FabLab ocupa uma área de 500 m² e é equipado com o que há de mais avançado em tecnologia: seis impressoras 3D, cinco óculos de realidade virtual, uma Router CNC Corte a Laser, 18 tablets, computadores e oito kits Lego usados na prática do curso de robótica educacional.
A proposta é que os alunos formados na instituição tenham qualificação em fabricação digital para prestarem serviços nessas áreas ou criarem negócios.
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