Após quase uma década realizando documentários pela conservação da natureza, o biólogo, documentarista e fotógrafo colombiano Federico Pardo se perguntou o que mais poderia fazer para ajudar os macacos ameaçados em seu país. “Me dei conta de que o que eu estava fazendo não era suficiente, pois senti — e continuo sentindo — que o desmatamento seguia ameaçando esses animais, que são a alma das florestas”, conta Federico, um dos palestrantes do TEDxAmazônia, que acontecerá em Manaus (AM) de 2 a 5 de novembro para discutir soluções para o bioma.
Foi então que o fotógrafo, vencedor de dois prêmios Emmy, teve a ideia de levar a floresta para a cidade. Com vídeos de 360º mostrando o dia a dia dos macacos nos cenários onde vivem, a exposição “Salvando Primatas” ficou em cartaz no Planetário de Bogotá, capital da Colômbia, de maio a julho deste ano. O objetivo era aproximar o público da rica biodiversidade do país e reverter o valor dos ingressos para ajudar as espécies.
“Como produtor audiovisual e narrador de histórias, sempre estou pensando em qual impacto quero deixar e como vou fazer isso. ‘Salvando Primatas’ é uma das respostas”, afirma Federico. “Precisamos concentrar nossa energia em projetos com um impacto positivo que possamos medir. Medir a consciência é muito difícil.”
Além de entreter e ajudar na conscientização, o projeto contribui diretamente com a restauração de florestas plantando uma árvore a cada ingresso vendido. Foram 8 mil visitantes no total, resultando no plantio de 8 mil árvores nos lugares onde vivem os macacos mais ameaçados do país, o sexto do mundo em diversidade de primatas.
Os locais são definidos por instituições de conservação que trabalham há décadas com esses animais, segundo Federico. Atualmente, três áreas recebem doações, incluindo a região entre os Andes e a Amazônia colombiana, onde vivem as espécies Tití del Caquetá e Churuco, em perigo crítico de extinção.
Bastidores de “Salvando Primatas”
Da ideia à execução, foram quatro anos de trabalho. O projeto, apoiado pela National Geographic, envolveu 50 dias de filmagens com cinco profissionais do audiovisual, guias, conservacionistas e escaladores, nas selvas colombianas em maio de 2020, no início da pandemia da covid-19. “Todo mundo sentia medo por causa do vírus. Foi uma grande aventura”, conta Federico, narrando dias de muita chuva, calor, mosquitos e carrapatos.
A equipe multidisciplinar, que inclui arquitetos, profissionais da conservação, produtores, comunicadores e educadores, é formada por cerca de 30 pessoas. “O projeto conecta o público aos heróis da conservação e é mediado pela experiência imersiva, que traz entretenimento e educação através de uma conexão emocional e sensorial”, elabora.
Planos e sonhos de futuro
Agora, o ativista ambiental trabalha para levantar recursos e levar sua “selva multimídia 360º” a outras cidades, dentro e fora da Colômbia. O projeto prevê ainda uma rota turística para a observação de macacos, uma campanha digital por sua conservação, além de oficinas de fotografia e documentário de natureza, ciência e conservação ministradas pelo próprio Federico.
“Esse projeto tem diferentes componentes e todos eles visam atingir o objetivo de salvar os primatas mais ameaçados da Colômbia e suas florestas”, resume. “Quero educar as próximas gerações porque precisamos de mais pessoas contando essas histórias tão importantes e criando impacto com projetos de conservação para as florestas e seus animais”, vislumbra o artista. Seu sonho é replicar o modelo em exposições sobre os macacos mais ameaçados do planeta, doando árvores para restauração ecológica de seus habitats pelo mundo.
Siga o Um só Planeta: