Tireoide: tecnologia brasileira reduz até 75% de cirurgias desnecessárias


Entre uma coisa e outra, porém, há um limbo, que representa em torno de 25% dos casos: o nódulo indeterminado. Ele não aparece no laudo porque o patologista falhou. A técnica, por si só, é que tem lá suas limitações e, muitas vezes, a amostra de células, por mais que seja bem examinada, não traz informações suficientes para assegurar se o quadro é maligno ou não. E, então, a dúvida inicial persiste.

Ora, ninguém vai arriscar sair por aí com um câncer no pescoço. Por isso, o protocolo no mundo inteiro é mandar esse sujeito para a sala de cirurgia também. Quando a tireoide já foi extirpada e pode ser examinada inteira é que os médicos vêem, em oito de cada dez vezes, que ela não tinha nada de maligno. Foi arrancada sem a menor necessidade.

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No final das contas, é um monte de gente passando por isso — no Brasil, precisamente umas 40 mil pessoas ao ano —-, consumindo recursos com um procedimento cirúrgico que, se houvesse uma resposta antes, poderia ter sido evitado.

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“Acima de tudo, esses indivíduos se tornam pacientes crônicos do sistema de saúde, precisando da reposição hormonal para sempre, quando poderiam ser poupados dessa situação”, conta o biólogo Marcos Santos, cientista que liderou a pesquisa de uma tecnologia denominada de TMT-microRNA, na Onkos, empresa brasileira com sede em Ribeirão Preto, no interior paulista, que desenvolve testes de diagnósticos moleculares de cânceres.

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No caso, não é preciso fazer uma nova punção da tireoide, nada disso. “Basta o paciente enviar a lâmina com as células retiradas na punção para, na maioria dos casos, essa tecnologia dar uma resposta assertiva, se é ou não um nódulo benigno”, informa o pesquisador. O material, diga-se, pertence ao paciente e o laboratório onde ele realizou a punção, por lei, é obrigado a guardá-lo por cinco anos e fornecê-lo, quando solicitado.

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O teste desenvolvido no Brasil, já disponível nos maiores laboratórios de análises clínicas do país que o encaminham para a Onkos, é o terceiro do mundo a revelar o que está por trás de um nódulo tireoidiano tido como indeterminado. As outras duas tecnologias com a mesma finalidade, também recentes, são americanas.


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