Documentário resgata história do São Martinho, time de futebol amador de Tatuí: ‘Luta esquecida’


Time do Clube São Martinho, de Tatuí (SP) — Foto: Acervo Museu Histórico Paulo Setúbal/Divulgação
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Time do Clube São Martinho, de Tatuí (SP) — Foto: Acervo Museu Histórico Paulo Setúbal/Divulgação

Time do Clube São Martinho, de Tatuí (SP) — Foto: Acervo Museu Histórico Paulo Setúbal/Divulgação

De acordo com o produtor Alan Feliciano de Souza, o Esporte Clube São Martinho foi fundado em 1939 por trabalhadores de Tatuí. De forma verbal, o espaço foi doado pelos proprietários da fábrica de tecidos, onde trabalhavam os jogadores. “O clube foi crescendo, era um espaço de socialização das famílias, dos trabalhadores e das pessoas que moravam ali na circunvizinhança da fábrica”, comenta.

Vila São Martinho, em Tatuí (SP), em 1912 — Foto: Acervo Museu Histórico Paulo Setúbal/Divulgação
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Vila São Martinho, em Tatuí (SP), em 1912 — Foto: Acervo Museu Histórico Paulo Setúbal/Divulgação

Vila São Martinho, em Tatuí (SP), em 1912 — Foto: Acervo Museu Histórico Paulo Setúbal/Divulgação

“Nos anos 1970 e nos anos 1980, a cidade viveu um momento muito rico do esporte, do futebol em particular. Então, São Martinho tinha todas as categorias (…) de base, e tinha o futebol principal, que era o adulto que disputava os campeonatos da Liga Tatuiana de Futebol, que é filiada à Federação Paulista de Futebol”, relembra José Norbal, diretor de esportes à época e entrevistado do documentário.

Decisões nebulosas interromperam a vida no clube em 1981. “Quarenta e dois anos depois, a fábrica havia sido vendida para outra família, que decide tomar esse terreno de volta, porque foi feita uma doação verbal, não tinha nenhuma documentação”, conta Alan Feliciano.

Advogado José Rubens, José Norbal e Oswaldo Laranjeira — Foto: Reprodução
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Advogado José Rubens, José Norbal e Oswaldo Laranjeira — Foto: Reprodução

Advogado José Rubens, José Norbal e Oswaldo Laranjeira — Foto: Reprodução

“Mesmo naquele período em que houve uma tentativa de impedimento das suas atividades pela direção da fábrica nunca o clube deixou de ter as suas atividades, de ter as suas categorias de base treinando, de ter o seu time principal disputando o campeonato da cidade”, relembra Norbal.

Com o clube fechado, os jogadores se uniram para “driblar” o impedimento. “Eles cortavam cadeado, pulavam o muro para ir lá fazer os treinos”, relata Alan.

Time de São Martinho, de Tatuí, em 1954 — Foto: Museu Paulo Setúbal/Acervo/Reprodução
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Time de São Martinho, de Tatuí, em 1954 — Foto: Museu Paulo Setúbal/Acervo/Reprodução

Time de São Martinho, de Tatuí, em 1954 — Foto: Museu Paulo Setúbal/Acervo/Reprodução

‘Queda de braços jurídico’

O caso foi parar nos tribunais, em uma disputa que perdurou por aproximadamente 12 anos, conta Alan. A segunda parte do documentário traz relatos de um ex-advogado e ex-secretário do clube, que estiveram na “trincheira” para defender os trabalhadores que ali jogavam.

“Era um advogado contra a fábrica que tinha um batalhão de advogados para defender os interesses da empresa”, ressalta o produtor Alan.

“O Esporte Clube São Martinho tem uma história, é um patrimônio da cidade de Tatuí que foi preservado por essa luta, para essa quebra de braço contra os proprietários da fábrica que gostariam de ter apenas por uma questão de especulação imobiliária”.

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Fábrica de tecidos em Tatuí, em 1910 — Foto: Museu Paulo Setúbal/Acervo/Reprodução
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Fábrica de tecidos em Tatuí, em 1910 — Foto: Museu Paulo Setúbal/Acervo/Reprodução

Fábrica de tecidos em Tatuí, em 1910 — Foto: Museu Paulo Setúbal/Acervo/Reprodução

Após anos de luta judicial, a Justiça concedeu o imóvel ao clube, que mantém até hoje um time de futebol amador.

“Esse documentário vai fazer um resgate histórico desta memória de uma história que as novas gerações não conhecem. (…) As pessoas precisam saber dessa história. Foi uma luta esquecida, daí que surge a ideia do documentário”, finaliza Alan.

Clube São Martinho, em Tatuí (SP), foi construído por trabalhadores de fábrica de tecidos — Foto: Arquivo pessoal
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Clube São Martinho, em Tatuí (SP), foi construído por trabalhadores de fábrica de tecidos — Foto: Arquivo pessoal

Clube São Martinho, em Tatuí (SP), foi construído por trabalhadores de fábrica de tecidos — Foto: Arquivo pessoal

Produzido por leis de incentivo

“Voz da Saudade: A história não contada do Clube São Martinho” foi produzido por Alan Feliciano, com direção de Tatiana Teles e roteiro de José Norbal.

A primeira parte do documentário foi produzida pelo Festival de Cultura de Tatuí. A segunda, pela ei de incentivo cultural Aldir Blanc.

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